Uma eventual negociação entre o Brasil e os Estados Unidos de Donald Trump apresentaria diversos desafios ao governo Lula, que vem conquistando apoio após o embate com o republicano em relação às tarifas de julho, segundo recentes pesquisas.
Reconhecimento e possibilidades de aproximação
Durante a Assembleia Geral da ONU, Lula manifestou otimismo ao declarar que houve uma “reação química” com Trump, o que reforça a hipótese de uma aproximação entre os dois governos. Analistas apontam que a informalidade do ex-presidente americano e a capacidade de negociação de Lula podem abrir espaço para melhorias nas relações bilaterais, inclusive em temas estratégicos.
Estratégias de interesses comuns
Apesar das divergências internas, interlocutores brasileiros afirmam que o país tem assuntos que interessariam a Trump, como minerais críticos e regulação das big techs. Segundo fontes do setor privado, o Brasil possui um terço das reservas de terras-raras no mundo, mas produção de apenas 2%, o que representa uma oportunidade de negócio para os EUA através de investimentos e acesso privilegiado.
Possíveis acordos e desafios políticos
Há uma visão de que uma parceria com os EUA, com investimentos em troca de acesso aos minerais, poderia ser positiva. Esses interlocutores vêm conversando com representantes do governo Lula e do Congresso, embora admitam que alguns setores, especialmente do PT, vejam avanços como uma concessão de soberania ao país americano.
Contexto econômico internacional e alinhamentos
Mais cedo, os EUA reduziram tarifas sobre automóveis europeus, indicando uma abertura para negociações comerciais globais. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que tratativas com os EUA, similares às do governo Biden, podem ser retomadas, especialmente em relação a bicombustíveis e minerais críticos, temas abordados na cúpula do G-20 de 2024.
Contudo, há resistência brasileira nas questões de acesso privilegiado a minerais, que ultrapassariam os acordos firmados anteriormente. Ainda assim, a estratégia seria aproveitar a conversa com os americanos para participar de um mercado dominado pela China, exigindo uma participação na cadeia de produção, e não apenas a venda de matérias-primas.
Dinâmica política e interesse estratégico
Um dos desafios não é apenas econômico, mas político. Especialistas destacam que é necessário construir uma narrativa que reduza resistências internas e preserve o capital político conquistado por Lula, especialmente após sua gestão de destaque na diplomacia em relação aos EUA.
Uma inspiração citada é a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que conseguiu estabelecer uma relação com Trump na qual ele fala para seu público interno com uma retórica trumpista, enquanto ela mantém uma postura compatível com seus interesses nacionais.
Resistências e negociações sensíveis
Quanto às big techs, tema delicado para o Brasil, interlocutores afirmam que essas empresas buscam uma “linha de ação clara” e evitam ficar expostas a novas ações do Supremo Tribunal Federal (STF). Para isso, Lula teria que negociar internamente, o que, segundo fontes, seria uma tarefa complexa e pouco viável atualmente.
Perspectivas e perspectivas futuras
Segundo fontes do setor privado, se Trump passar a adotar um discurso mais positivo sobre o Brasil, a postura de seu governo poderia evoluir. Ainda assim, a questão central é se o Brasil está disposto a aceitar uma negociação pragmática que envolva elementos de interesse mútuo, sobretudo na área de minerais críticos, onde Estados Unidos e Brasil veem uma oportunidade de fortalecer suas cadeias produtivas e reduzir a influência chinesa.
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