Brasil, 25 de setembro de 2025
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Senadores buscam capitalizar com erros da Câmara dos Deputados

O Senado tenta se distanciar de pautas impopulares da Câmara, almejando conquistar a confiança do eleitorado nas próximas eleições.

Setembro parece ter se tornado um mês auspicioso para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Aliados do Planalto brincam que o Congresso está superando as sequenciais crises que, nos primeiros meses de 2025, prejudicaram o governo. O clima favorável se alimenta dos deslizes cometidos pela Câmara dos Deputados. Agora, o Senado busca aproveitar essa oportunidade e surfar as ondas deixadas pela queda da Câmara na opinião pública, que se deve a pautas eleitoralmente tóxicas levantadas pelos próprios deputados.

Nesta quarta-feira (24), os senadores demonstraram que não seguirão o mesmo caminho da Câmara em questões que poderiam lhes prejudicar nas eleições de 2026. Eles rejeitaram por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a Proposta de Emenda à Constituição conhecida como PEC da Blindagem, que visava dificultar a investigação contra parlamentares. Os senadores pretendem também reprovar a proposta em plenário, mesmo sem necessidade regimental, para mostrar que estão atentos à opinião pública.

A razão por trás da rejeição da PEC da Blindagem

Os senadores compreendem que a natureza de seu cargo os torna alvos mais fáceis de retaliação na próxima campanha eleitoral. Isso acontece porque são em menor número em comparação aos deputados e disputam uma eleição proporcional com características de majoritária. Contudo, ao examinarem a PEC da Blindagem, perceberam que, ao rejeitar o texto defendido pelos deputados, poderiam, na verdade, conquistar mais eleitores.

Dados da opinião pública

  • 72% do eleitorado rejeita a PEC da Blindagem, segundo pesquisa Pulso Brasil/Ipespe;
  • 41% de rejeição e 36% de aprovação para uma ampla anistia, incluindo Bolsonaro, segundo a Quaest;
  • 10% defendem anistiar apenas os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro;
  • 70% apoiam a isenção de IR, enquanto 76% querem aumentar a cobrança sobre os mais ricos, conforme o Datafolha.

Além disso, os senadores enviaram recados à Câmara ao aprovar um texto alternativo para o projeto de isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil, que estava paralisado na Câmara devido a desavenças sobre anistias e dosimetria para condenados por tentativas de golpe. Em seus discursos na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), afirmaram que, diferente dos deputados, estavam focados em medidas que beneficiem a população.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), que presidiu a sessão da CAE, enfatizou: “Na Câmara, priorizaram aumentar os privilégios e prerrogativas dos deputados. Este grupo, por sua vez, trata a isenção como um privilégio para a população. O Senado, hoje, mostra que está ao lado do povo brasileiro”.

Desafio da anistia dos condenados

O Senado ainda se prepara para enfrentar a questão da redução de penas ou anistia aos condenados por tentativas de golpe de estado. Essa proposta, que pode ser votada na Câmara na próxima semana, é vista como impopular. Uma parte dos senadores está determinada a combatê-la, recebendo, assim, o rótulo de “salvadores da pátria” no contexto de um cenário de irresponsabilidade.

Enquanto isso, Lula, que passou meses em uma posição delicada, registrou seu pior nível de aprovação em fevereiro de 2025, segundo o Datafolha. As mudanças nas regras do Pix e a crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) afetaram sua popularidade.

A volta por cima de Lula

Recentemente, no entanto, Lula voltou a ocupar uma posição mais forte, podendo vencer qualquer adversário no segundo turno, como demonstrou a pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 18 de setembro. Parte de seu governo atribui essa recuperação ao Legislativo, que ajudou o PT a retomar o debate sobre a análise “ricos contra pobres” ao recusar taxar os mais favorecidos para cumprir a meta fiscal, mesmo sob risco de cortes em programas sociais vitais.

Essa movimentação gerou insatisfação nas redes sociais, em especial a expressão “Congresso da mamata”, que ganhou força. A descontentamento popular também se acentuou após a Câmara aprovar, com apoio do Senado, um aumento no número de deputados federais para 531. O veto de Lula ao projeto foi feito visando garantir vantagens eleitorais, mesmo que isso causasse um desgaste com o Legislativo.

O cenário está em constante evolução, e os próximos passos dos senadores e a resposta do eleitorado poderão definir o panorama político em 2026, moldando o futuro do país.

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