Na manhã desta quarta-feira, 27 de setembro, a senadora Damares Alves (Republicanos) e a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) se envolveram em uma discussão acalorada nas redes sociais, motivada pela recente rejeição da PEC da Blindagem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O impasse começou quando Hilton comemorou a decisão da CCJ em seu Instagram, afirmando que a senadora estaria apoiando uma versão alternativa da proposta que havia sido aprovada na Câmara dos Deputados. A resposta de Damares foi imediata, exigindo que Hilton esclarecesse a origem de suas informações.
Trocas de acusações nas redes sociais
Damares desafiou Erika a explicar de onde veio a informação de que ela teria apoiado qualquer emenda relacionada à PEC: “Seria importante que a parlamentar viesse a público esclarecer de onde ouviu tais ‘relatos’ de que eu apoiei qualquer emenda relacionada a essa PEC. Porque a verdade é a seguinte: a proposta foi aprovada terça-feira à noite, e quarta-feira de manhã eu já estava me posicionando contrária a isso”, publicou no Twitter.
A senadora deixou claro que não apoiou nenhuma emenda e sugeriu que o senador Sérgio Moro apresentasse outra proposta, alinhada com as suas defesas. Essa reprimenda foi direcionada após Hilton nomear Damares e outros senadores como supostos apoiadores da PEC em questão.
Protestos em favor da rejeição da proposta
Erika Hilton, por sua vez, ressaltou a pressão popular, mencionando os protestos que ocorreram no último domingo em diversas cidades do Brasil. Em seu post, ela frisou que esses atos tiveram um grande impacto, fazendo com que até mesmo políticos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro recuassem em seu apoio à proposta. Hilton afirmou: “E a nossa força foi tanta que nem mesmo os bolsonaristas do Senado quiseram colocar suas digitais nessa PEC que só serve pra proteger político bandido, corrupto e assassino.”
O que é a PEC da Blindagem?
A PEC da Blindagem, que buscava criar um mecanismo de proteção para parlamentares contra ações penais, foi rejeitada por unanimidade na CCJ do Senado. A proposta exigia a autorização prévia do Congresso para a abertura de ações penais contra deputados e senadores e foi aprovada na Câmara com uma votação expressiva — 353 votos a favor e 134 contrários.
Essa proposta tinha por objetivo, na prática, dar aos próprios parlamentares a possibilidade de decidirem sobre a abertura de processos criminais. O texto, que avançou de forma acelerada na Câmara, contou com o apoio de alguns parlamentares da oposição e foi discutido por conta da urgência de um projeto que oferecia anistia a envolvidos em atos golpistas.
Implicações da rejeição
A rejeição da PEC foi vista por críticos como um avanço democrático, já que a medida teria reinstaurado a autorização legislativa para ações contra congressistas, uma prerrogativa que havia sido derrubada em 2001. Os detratores da proposta consideravam que tal medida representaria um retrocesso histórico na luta contra a corrupção e um enfraquecimento da accountability entre os políticos.
Com a proposta agora enterrada pelo Senado, a sociedade civil e diversos movimentos políticos comemoram a decisão, acreditando que essa rejeição representa uma vitória na luta pelo fortalecimento das instituições democráticas e pela responsabilização dos parlamentares.
Assim, este desentendimento entre Damares Alves e Erika Hilton ilustra a polarização atual no cenário político brasileiro, onde as redes sociais se tornaram um campo de batalha para disputas ideológicas e estratégicas, especialmente em um período tão conturbado para a política nacional.
As tensões entre os diferentes grupos políticos, como as que foram demonstradas nesta troca de farpas, evidenciam a necessidade de um diálogo mais construtivo e a importância de ouvir as vozes da população nas decisões que afetam a coletividade.
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