Passaram-se dez meses desde as eleições de novembro passado, e o Conselho da Cidade de Flint finalmente elegeu um presidente após centenas de rodadas de votação. Ladel Lewis foi escolhida para o cargo de presidente na segunda-feira, somando 735 votações. “Agradeço meus colegas por confiarem em mim a responsabilidade de liderar o corpo novamente”, declarou Lewis. “Não se trata de ser um carimbo. Trata-se de fazer o trabalho para o povo”, acrescentou.
A disputa pelo comando do conselho
Nos últimos meses, o conselho ficou em um impasse de 4-4, até que a eleição especial em agosto trouxe LaShawn Johnson como representante do 3º Distrito, quebrando o empate ao votar a favor de Lewis. A nova presidente, que já havia ocupado o cargo anteriormente, havia sido destituída temporariamente em 2023 devido a divisões internas geradas por sua gestão, segundo relatos de MLive.
A eleição de Lewis representa uma vitória para o prefeito de Flint, Sheldon Neeley, que apoiou publicamente a sua candidatura à presidência. Embora o conselho continue dividido, cinco de seus membros estão alinhados com o prefeito: Lewis, Johnson, a vice-presidente reeleita Candice Mushatt, o conselheiro do 1º Distrito, Leon El-Alamin, e a conselheira do 4º Distrito, Judy Priestley. Por outro lado, os conselheiros Dennis Pfieffer, Johnathan Jarrett, Tonya Burns e Jerri Winfrey-Carter votaram contra Lewis.
Um retrato da desordem política
A demora de quase um ano para a escolha do presidente é apenas mais um exemplo da desordem que tem assolado um conselho caracterizado por intensas disputas internas e guerras políticas. Em um fato correlato, a residente de Flint, Gladyes Williamson, entrou com um processo federal contra a cidade, o chefe de polícia Terence Green e o oficial William Metcalfe, alegando o uso excessivo da força durante sua remoção de uma reunião do conselho em outubro, conforme reportado por WJRT.
Williamson afirma que estava se pronunciando durante a parte de comentários públicos da reunião quando a presidente do conselho a declarou fora de ordem, levando-a a ser forçada a sair. “O oficial entrou para escoltar Williamson do auditório”, afirma o relato, com ela alegando que o oficial agarrou seu braço usando força ‘excessiva’ e ‘desnecessária’ para garantir sua conformidade. Alega também que essa ação lhe causou danos físicos, além de ampliar o estresse emocional e psicológico.
Desafios judiciais e acusação contra conselheiro
Williamson acredita que foi expulsa da reunião devido ao desagrado do conselho com suas palavras, afirmando que “a conduta reflete um abuso de autoridade governamental e uma tentativa deliberada de silenciar a fala protegida e a participação cívica”. A mesma data em que Williamson apresentou sua ação judicial, o conselheiro El-Alamin enfrentou uma audiência preliminar no Tribunal de Circuito de Genesee em razão de acusações de agressão e violência doméstica.
A namorada de El-Alamin, que tem uma criança com ele, testificou que ele ficou agressivo ao encontrar-la revisando seus e-mails em sua casa. Segundo ela, o conselheiro a xingou e a arrastou pelo cabelo, levando a agressões físicas e verbais. El-Alamin enfrenta acusações graves, incluindo agressão com intenção de causar grande dano corporal, e se declarar inocente de todas as acusações. Se condenado, ele seria obrigado a renunciar ao cargo no conselho.
El-Alamin, que foi nomeado para representar o 1º Distrito de Flint em fevereiro de 2024, fundou o MADE Institute em 2015 para ajudar ex-presidiários a conseguir emprego e moradia, sendo sua trajetória de ‘traficante de drogas a líder comunitário’ destacada pela mídia. Durante sua campanha em 2024, um vídeo polêmico circulou, supostamente mostrando El-Alamin em uma residência para retirar um inquilino sem a devida documentação.
O cenário político em Flint continua tenso, com desafios a serem enfrentados tanto na gestão do conselho quanto nas denúncias judiciais, refletindo uma sociedade que busca reestruturação e melhores maneiras de governança.