Brasil, 24 de setembro de 2025
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China abandona benefícios para países em desenvolvimento na OMC

China deixará de reivindicar benefícios para países em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio, buscando aliviar tensões com os EUA

A China anunciou nesta terça-feira (24), em Nova York, que deixará de buscar novos direitos especiais e diferenciados na Organização Mundial do Comércio (OMC), uma decisão que visa reduzir um ponto de discórdia com os Estados Unidos e facilitar as negociações de reforma do órgão global do comércio. A medida foi comunicada pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, durante participação na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Recuo estratégico da China na disputa comercial

Li Qiang afirmou que o país não buscará mais direitos “especiais e diferenciados” em negociações atuais ou futuras da OMC, conforme divulgado pela agência estatal Xinhua. A diretora-geral da organização, Ngozi Okonjo-Iweala, celebrou a decisão no X, chamando-a de “o ápice de muitos anos de trabalho árduo” e agradecendo à liderança chinesa.

O gesto é considerado importante em um momento em que tarifas mais altas impostas pelos EUA têm força para desviar as exportações chinesas para mercados emergentes na América Latina, África e Sudeste Asiático, provocando resistência em várias regiões.

Contexto e implicações internacionais

Embora a China continue a se declarar um país em desenvolvimento — classificação que lhe concede benefícios na OMC, como prazos mais longos para cumprir acordos — a mudança reforça seu esforço de melhorar a relação com os EUA, especialmente enquanto busca um acordo comercial mais duradouro. A decisão também busca atender ao pedido de Washington, que há anos critica a reivindicação de status de China como país em desenvolvimento.

Segundo o vice-presidente sênior do Asia Society Policy Institute, Wendy Cutler, o anúncio chega “anos atrasado” e terá pouco efeito prático devido à lentidão das negociações e à ausência de uma agenda de reforma da organização. Ela destaca que a iniciativa ajuda Pequim a defender seu compromisso com o sistema multilateral, em contraste com a postura dos EUA, que tem retido suas contribuições.

Relevância para o clima e o papel no cenário global

Além do comércio, a questão do status da China é central também nas negociações ambientais. Países desenvolvidos deveriam contribuir com US$ 100 bilhões por ano para ajudar nações em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas, mas a China, como maior emissora de gases do efeito estufa, não contribui devido à sua classificação. Essa posição gera críticas de Europa e EUA.

Apesar de sua transformação em grande potência industrial, a ONU ainda classifica a China como país em desenvolvimento, ao contrário de sua forte influência econômica e sua relevância global. Em 2019, o ministro Wang Yi afirmou que exigir que a China se declare “desenvolvida” é uma forma de desigualdade, reforçando sua posição de membro do Sul Global com uma história comum de luta contra o colonialismo.

Perspectivas e desafios futuros

Embora tenha abandonado o tratamento especial na OMC, a China garantiu que seu status de país em desenvolvimento continuará, reforçando seu papel como defensor do sistema multilateral. Especialistas avaliam que essa mudança sinaliza uma tentativa de Pequim de reforçar sua liderança no cenário global e de criar uma postura mais cooperativa em relação aos EUA, mesmo diante das tensões persistentes.

Por outro lado, a resistência de Washington às reformas na Organização Mundial do Comércio permanece, e as exportações chinesas continuam em crescimento, atingindo recordes nos primeiros oito meses do ano, com aumento de quase 6%. Analistas alertam que as disputas comerciais e políticas entre as duas maiores economias do mundo ainda alimentam a incerteza no comércio global.

O especialista em comércio internacional, Li Chenggang, criticou duramente as políticas dos EUA, citando a expansão de hegemonia, unilateralismo e protecionismo como fatores que prejudicam a estabilidade do sistema comercial multilateral.

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