Brasil, 24 de setembro de 2025
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Aumento na venda de bioinsumos na Amazônia é impulsionado pela busca por sustentabilidade

Em 2024, vendas de bioinsumos na Amazônia cresceram 51%, mas violência e mudanças climáticas ainda ameaçam o avanço do setor

As empresas estão cada vez mais interessadas em insumos da bioeconomia amazônica, como borracha nativa e castanha-do-pará, que movimentaram R$ 8,3 milhões em 2024, um aumento de 51% em relação ao ano anterior, segundo a Origens Brasil. O número de compradores também cresceu, passando de 35 para 39 companhias, representando uma expansão de 11%. No entanto, a expansão do setor enfrenta desafios sérios, como a violência, o crime organizado e os efeitos das mudanças climáticas na região.

Potencial e dificuldades do mercado de bioinsumos na Amazônia

Embora a demanda por bioinsumos aumente, fatores como o avanço do narcotráfico, milícias e a escassez de mão de obra dificultam a expansão do setor. Segundo Luiz Brasi, gerente da rede, a implementação de mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que remuneram as comunidades pela preservação e restauração dos ecossistemas, poderia ampliar o crescimento. Além disso, a presença mais efetiva do Estado seria fundamental para garantir a segurança dos produtores.

Impactos da violência e do clima na produção

Um exemplo recente do impacto das condições adversas é a castanha-do-pará, um dos principais produtos das comunidades locais, que sofreu uma das piores safras da história. A intensa seca provocada pelo fenômeno El Niño afetou o ciclo de floração das árvores, prejudicando a produção e a polinização. “A violência também afasta investidores e dificulta a produção sustentável”, afirma Brasi.

Conflitos na floresta e o papel das empresas

O crescimento da bioeconomia poderia ser maior se houvesse maior segurança. Segundo Brasi, atividades ilegais, como garimpo e extração de ouro, representam ameaças à integridade das comunidades e ao meio ambiente. Uma cooperativa fornecedora da Natura relata que a violência e o medo de invasores impediram a coleta de açaí, impactando a cadeia de produção de bioinsumos.

Por outro lado, empresas como a Natura têm atuado na proteção das comunidades, mobilizando apoio e informações para conter invasores ilegais, seja com contato direto com o governo ou com ações de conscientização. O diretor de Reputação e Governo da Natura, Paulo Dallari, conta que a aproximação de uma embarcação de extração ilegal de ouro foi comunicada às autoridades com a ajuda da comunidade local.

Iniciativas de sustentabilidade e valorização da atividade tradicional

Empresas do setor vêm investindo na valorização da produção local. A Veja, por exemplo, trabalha com borracha nativa há mais de vinte anos, comprando cerca de 700 toneladas em 2025, um crescimento expressivo. Sebastião Santos, gerente da marca, destaca que essa iniciativa valoriza famílias que ajudam a preservar o bioma, mesmo com o custo do produto até 3,5 vezes superior ao valor de mercado devido à logística e à mão de obra.

Já a Michelin tem ampliado suas compras de borracha nativa, passando de 7,5 toneladas em 2021 para 158 toneladas em 2024. Bruno Temer, gerente de Sustentabilidade da empresa, explica que o manejo sustentável exige capacitação e transmissão de conhecimento, que ajudam na proteção dos recursos florestais e na geração de renda para as comunidades.

Perspectivas e desafios futuros

Apesar do crescimento expressivo, o setor ainda enfrenta obstáculos significativos, principalmente relacionados à segurança e ao clima. A implementação de políticas públicas e o fortalecimento das ações de segurança podem ampliar o potencial da bioeconomia amazônica e contribuir para a preservação do bioma e para o desenvolvimento econômico sustentável da região.

Repórter viajou a convite da Natura

Fonte: G1 – Custo Amazônia: bioinsumos atraem empresas, mas violência e clima limitam expansão

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