A Natura anunciou que mais de mil produtos, representando mais da metade do seu portfólio, dependem de insumos provenientes da Amazônia. A depender dessas matérias-primas, a empresa busca expandir suas parcerias com comunidades locais, enfrentando as mudanças climáticas e buscando uma produção que seja cada vez mais regenerativa até 2050.
Insumos amazônicos e parcerias sustentáveis
Atualmente, a Natura compra cerca de 30 mil toneladas de bioinsumos amazônicos por ano, incluindo castanha, ingá, pataqueira e babaçu, utilizados em linhas como Chronos, Lumina, UNA e Natura Ekos. São mais de 52 comunidades envolvidas, que somam cerca de 12 mil famílias, contribuindo para o fortalecimento da sociobiodiversidade e o aumento da renda local em até 70%, segundo a própria empresa.
Desafios ambientais e mudanças climáticas
A dependência das comunidades das condições climáticas representa um grande desafio. Dados da empresa indicam uma redução de safra de até 70% de espécies como a castanha do Pará, devido às mudanças no ciclo natural causado por períodos de seca prolongados. Raoni Silva, Gerente de Relacionamento e Abastecimento da Sociobiodiversidade, explica que essas variações impactam significativamente a produção e a sustentabilidade das comunidades.
Para mitigar esses efeitos, a Natura investe na regeneração de áreas degradadas por meio de sistemas agroflorestais e incentiva a diversificação de ingredientes, buscando também ampliar o número de comunidades envolvidas na cadeia produtiva.
Inovação e sustentabilidade na cadeia produtiva
O trabalho de pesquisa com comunidades inclui processos que duram de três a cinco anos para validar a qualidade e funcionalidade de novos ingredientes, como exemplos de sucesso com o tucumã, que ajuda na produção de ácido hialurônico, e o breu branco, resina que pode substituir materiais utilizados na indústria química.
Segundo Josilene Monteiro Seixas, presidente da Aprocamp, associação de produtores rurais na região de Campo Limpo, a parceria com a Natura aumentou em 70% a renda das famílias envolvidas e possibilitou a instalação de uma fábrica de processamento de óleos na comunidade. Do trabalho artesanal, como a extração de óleo de pataqueira, já foram comercializados 35 mil litros no último ano.
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A construção do ecossistema de inovação
O EcoParque da Natura, localizado em Benevides (PA), atua como centro de pesquisa para o desenvolvimento de novos ingredientes e tecnologias sustentáveis com potencial de impacto econômico e ambiental. A iniciativa visa atrair mais empresas para criar um ambiente de inovação, contribuindo para a produção de ingredientes com menor impacto e utilização de fontes renováveis.
Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura, ressalta que o fortalecimento dessas parcerias e o avanço tecnológico também são caminhos essenciais para cumprir a meta de se tornar uma empresa regenerativa até 2050. Para isso, a marca reconhece que ainda é preciso superar desafios relativos à inovação tecnológica, como a substituição de embalagens por materiais 100% renováveis e compostáveis, e lidar com os efeitos das mudanças climáticas, que dificultam a previsibilidade das safras.
Perspectivas e desafios futuros
Raoni Silva aponta que, diante das ameaças ambientais, é fundamental diversificar a cadeia produtiva e estimular práticas de regeneração de áreas degradadas. Ainda assim, a dependência de fatores climáticos e a incerteza quanto à tecnologia futura representam obstáculos importantes. A busca por novos usos para os bioinsumos e por alternativas sustentáveis, como o potencial de uso do breu branco na indústria química, ilustram o potencial de inovação baseado na biodiversidade amazônica.
A Natura mantém uma visão de longo prazo, com planos de ampliar suas parcerias, investir em pesquisa e fortalecer o compromisso de impacto positivo. Como destacado por Paulo Dallari, diretor de Reputação e Governo, a busca por soluções inovadoras, aliada ao respeito às comunidades locais e à preservação ambiental, configura a estratégia central para o crescimento sustentável da companhia.
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