Brasil, 24 de setembro de 2025
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Senador critica PEC da Blindagem como proteção ao crime organizado

Alessandro Vieira afirmou que proposta do Congresso pode ampliar influência do crime no Parlamento, com apoio menor que o necessário.

A proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem, que está em tramitação no Senado, vem gerando controvérsias e críticas contundentes entre os parlamentares. O relator da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), disparou contra a medida, a qual descreveu como “desenhada para proteger bandido”. Sua defesa de rejeição integral do texto marca um momento decisivo para a legislação que, se aprovada, poderia facilitar a atuação do crime organizado dentro do Parlamento.

A PEC da Blindagem em foco

A PEC busca restabelecer a exigência de autorização prévia do Congresso para processar parlamentares, ampliando, assim, o escopo da imunidade parlamentar até mesmo para presidentes de partidos. Em uma entrevista ao GLOBO, Vieira revelou que o parecer que será lido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) propõe a rejeição total do texto, que já demonstrou resistência e falta de apoio entre os senadores.

Um levantamento realizado pelo GLOBO revelou que 56 senadores se mostraram contrários à proposta, em contraste com apenas seis que a apoiaram. Para ser aprovada, a PEC requer 49 votos favoráveis, um número atualmente considerado inalcançável, dado o clima de rejeição predominante entre os membros da CCJ.

Reações e posicionamentos

Governadores de direita também se manifestaram contra a proposta. Para eles, a PEC representa um “divórcio do Congresso com o povo”, considerando sua natureza precipitada e preocupante frente ao aumento da influência do crime organizado. Após uma declaração indicativa do apoio do PDT na Câmara, o presidente do partido, Carlos Lupi, orientou a bancada a votar contra a PEC da Blindagem, alinhando-se à onda de rejeição que cresce entre os senadores.

Impacto da PEC na relação entre parlamentares e o crime

Em sua análise crítica, Vieira não apenas questionou a validade da PEC, mas também apontou que, caso aprovada, a proposição poderia potencializar a atuação imune do crime organizado no Parlamento. “Na prática, teríamos um amparo legal para a corrupção e os crimes cometidos por aqueles que têm a responsabilidade de legislar e representar o povo”, alertou.

Questionado sobre a possibilidade de que a PEC fosse levada ao plenário, mesmo após uma rejeição na CCJ, Vieira foi claro: “Acredito que não. O GLOBO já demonstrou que a proposta está morta politicamente”. Essa conclusão é reforçada pela análise cuidadosa que indica que o voto secreto para decidir sobre prisões em flagrante, incluído na PEC, foi apenas uma das inúmeras manobras antidemocráticas que compõem este texto que ele considera inaceitável.

Análise de apoio e oposição entre os parlamentares

Vieira também fez uma avaliação a respeito das diferentes posturas entre os membros da Câmara dos Deputados e do Senado em relação à PEC. “São Casas diferentes, perfis diferentes de parlamentares. O senador, em regra, carrega uma história de vida e um conhecimento prático maior do que a maioria dos deputados”, defendeu. Ele salientou que aqueles que votam a favor de um projeto como este estão, na verdade, buscando proteger a criminalidade ou desconhecem a gravidade do que estão apoiando.

A repercussão da PEC nas ruas pode ter influenciado a posição dos senadores, conforme apontado por Vieira. “O descontentamento popular e os protestos no final de semana foram fundamentais para dar mais visibilidade a este caso. O povo clama por transparência e Justiça, e os senadores perceberam isso”, concluiu.

O futuro da proposta e as alternativas

Com a resistência crescente e a sinalização de que a PEC da Blindagem pode não ter o suporte necessário, a discussão sobre a necessidade de uma legislação que proteja o trabalho do parlamentar, sem comprometer a moralidade, ainda permanece. O senador Ciro Nogueira levantou a possibilidade de um texto alternativo, mas Vieira se mostrou cético quanto à viabilidade de propostas que mesclem proteção a direitos individuais com a defesa da honra e da moralidade pública.

Essa situação instiga um debate crucial sobre a relação entre representantes e representados, e a importância de um legislativo que seja verdadeiramente responsivo aos anseios da população. Afinal, a democracia deve prevalecer sobre quaisquer tentativas de blindagem a crimes que comprometem a integridade do sistema.

A tramitação da PEC da Blindagem seguirá sendo acompanhada de perto, e a expectativa é que a CCJ finalize sua decisão em breve, com a esperança de que o texto seja definitivamente arquivado.

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