No último dia 22 de setembro, o distrito de Extrema, em Porto Velho (RO), se viu em um inesperado episódio de invasão animal. Um vídeo gravado por moradores da região mostra uma onça-pintada saltando um muro e atravessando a rua antes de entrar em uma residência. O felino circulou pela comunidade durante toda a segunda-feira, até ser capturado por agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após uma longa operação que durou cerca de 10 horas.
Captura da onça: uma operação desafiadora
A gravação, que rapidamente se espalhou nas redes sociais, ilustrava a movimentação do animal, que acabou sendo perseguido por policiais. O Ibama informou que a captura contou com o apoio de um veterinário, que conseguiu sedar a onça para garantir sua segurança. Posteriormente, o animal foi levado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e deverá ser solto em uma área de floresta afastada do distrito.
De acordo com a nota do instituto, a operação de captura foi concluída com êxito, assegurando a preservação da vida da onça e devolvendo a tranquilidade aos moradores de Extrema. Além disso, o órgão ressaltou que a presença de onças em áreas urbanas está ligada à perda de habitat, um problema que se agrava durante o período de queimadas, quando esses animais buscam água, alimento e abrigo em locais habitados por humanos.
Consequências para a comunidade
A situação, além de alarmar os moradores, culminou em um incidente que deixou um homem ferido. Nardeli dos Santos Silva, um residente local, decidiu tentar impedir que o felino se aproximasse de uma creche, preocupando-se com a segurança das crianças. Durante sua tentativa de conter o animal, ele encontrou a onça dentro de uma casa. Com o tumulto gerado pela aglomeração de curiosos, a onça se acanhou e fugiu em direção ao prédio escolar.
“Acho que alguém bateu com uma ripa aqui na janela e ela [onça] correu por essa porta e saiu para o rumo da creche. Ela estava nessa casa aqui, aí devido o povo ficar vendo ela, um tumulto de gente, ela ficou meio veaca, pulou a janela lá e saiu, percorreu esses terrenos baldios e ficou lá perto da creche onde eu fui brigar com ela”, relatou Nardeli à Rede Amazônica.
Infelizmente, durante o enfrentamento, Nardeli foi arranhado, mas felizmente os ferimentos não foram graves. Ele recebeu atendimento médico imediatamente e passa bem, aliviado por não ter acontecido nada mais sério.
Entendendo a presença de onças em áreas urbanas
A ocorrência de animais silvestres em áreas urbanas, como a onça-pintada em Extrema, é um fenômeno que tem se tornado cada vez mais comum. Especialistas apontam que a destruição de habitats naturais e a crescente urbanização são fatores que elevam a probabilidade de interações entre humanos e animais selvagens. Além disso, as queimadas, práticas prejudiciais ao meio ambiente, intensificam a busca dos felinos por novos abrigos em áreas habitadas.
O distrito de Extrema é cercado por florestas e terras indígenas, o que convida esses encontros inusitados. A preocupação vai além da segurança dos moradores; é crucial pensar na proteção desses animais, espécies em risco devido à perda de seu habitat natural. A ação do Ibama foi um passo importante para reverter essa situação e promover a convivência harmoniosa entre a população e a fauna local.
Enquanto os moradores de Extrema respiram aliviados após o incidente, a reflexão sobre a preservação dos habitats naturais e a necessidade de criar estratégias para evitar futuros encontros perigosos entre humanos e animais silvestres ganha destaque. O equilíbrio entre natureza e urbanização é um tema que merece atenção e ação eficaz.