A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) reagiu às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre um possível encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. A entidade, que reúne empresas brasileiras, americanas e multinacionais com negócios nos dois países, considera a conversa um avanço para o diálogo econômico bilateral, em meio às tensões recentes provocadas pelo tarifaço de 50% sobre importações brasileiras.
Reação ao diálogo e expectativas
Segundo nota divulgada pela Amcham, a confirmação do encontro “representa um passo positivo para buscar maior entendimento na relação bilateral”. A organização declarou que espera que a reunião “abra caminho para um diálogo estruturado e de alto nível sobre temas econômicos e comerciais, capazes de construir soluções negociadas para os desafios existentes nas cadeias produtivas, nos fluxos de comércio e nos investimentos bilaterais”.
“Acreditamos que um contato direto entre os líderes possa contribuir para reverter as tensões atuais e fortalecer a parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou a nota.
Reação do mercado financeiro
Nesta terça-feira, o mercado financeiro reagiu positivamente às notícias sobre o encontro e às declarações de Trump. O dólar atingiu o menor patamar em quinze meses e meio, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, alcançou nova máxima de fechamento.
O otimismo do mercado contrasta com as declarações mais severas de Trump ao início do mês, quando afirmou que as tarifas aplicadas ao Brasil refletiam uma insatisfação com o governo nacional e sua postura política, além de motivos comerciais e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF. Nesse período, o presidente americano também criticou a relação do Brasil com a China e a sua política econômica.
Contexto das tensões entre Brasil e EUA
O tarifazo de 50% foi anunciado por Trump no começo de setembro, sob a justificativa de insatisfação com as políticas econômicas brasileiras. Apesar disso, dados oficiais indicam que os EUA exportam mais para o Brasil do que o vice-versa, questionando a lógica do reforço tarifário.
À medida que o potencial encontro se avizinha, o clima foi amenizado, com Trump afirmando, em discurso na Assembleia Geral da ONU, que teve uma boa impressão de Lula e que, possivelmente, se encontrará com ele na semana que vem. Mais detalhes sobre o encontro foram adiantados pelo próprio presidente dos EUA.
Perspectivas para o relacionamento bilateral
A Amcham destacou na sua nota que considera a aproximação uma oportunidade de promover maior entendimento, dialogando para preservar e aprofundar a parceria econômica. Para a entidade, o encontro pode abrir caminho para negociações que atendam aos interesses de ambos os lados, sobretudo nas cadeias produtivas e nos fluxos comerciais.
Além disso, a Câmara reforçou sua convicção no diálogo como ferramenta fundamental para fortalecer atributos econômicos e comerciais, buscando solucionar diferenças via negociação, e não por medidas unilaterais ou tarifárias.
O cenário abre espaço para o otimismo no mercado, que comemorou a possibilidade de reverter tensões, reforçando a expectativa de um relacionamento mais estável entre Brasil e Estados Unidos nos próximos meses.
Para entender o contexto mais amplo, leia também a análise de Miriam Leitão sobre os rumos do Brasil e EUA na ONU.
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