Brasil, 23 de setembro de 2025
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Avanços no tratamento do Alzheimer: uma nova esperança

A luta contra o Alzheimer ganha novos contornos com tratamentos que desaceleram a progressão da doença e inovações nos diagnósticos.

A luta contra o Alzheimer entrou em uma nova era. O surgimento de medicamentos que desaceleram ligeiramente sua progressão, juntamente com a descoberta de biomarcadores que abrem caminho para a detecção precoce, renovou as esperanças para combater uma condição que afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Após décadas de reveses e a falha em encontrar tratamentos eficazes para uma demência que destrói a memória e a autonomia dos indivíduos, a comunidade científica observa com expectativa a revolução diagnóstica e farmacológica em andamento.

Um marco na pesquisa sobre Alzheimer

Um painel de especialistas publicou uma série de artigos na revista The Lancet, detalhando esses avanços e abordando a controvérsia em torno dos novos tratamentos — os primeiros a alterar o curso da doença, mas criticados por serem caros, apresentarem efeitos colaterais e demonstrarem apenas uma eficácia modesta. Juan Fortea, chefe do grupo de Neurobiologia da Demência no Instituto de Pesquisa Sant Pau e coautor de um dos artigos, afirma que a pesquisa sobre Alzheimer está em uma “mudança de paradigma”. “Não estamos curando a doença,” esclarece, “mas é a primeira vez na história humana que conseguimos desacelerar a progressão da doença de Alzheimer.”

A força motriz por trás desse ponto de virada científico é uma nova geração de medicamentos que eliminam a proteína beta-amiloide, que se acumula nos cérebros afetados, desacelerando a progressão da doença. Os medicamentos que geraram grandes expectativas são o lecanemab e o donanemab. Em ensaios clínicos, o primeiro desacelerou a progressão da doença em 27%, enquanto o segundo alcançou 35%. Ambos são aprovados nos Estados Unidos e em outros países, embora a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), mais conservadora, demorou a aprovar o lecanemab e ainda está revisando o donanemab.

A controvérsia dos novos tratamentos

Ambos os medicamentos estão cercados de controvérsias, incluindo potenciais efeitos colaterais, como sangramentos cerebrais que resultaram na morte de dois pacientes. Além disso, surge a dúvida: o que realmente significa reduzir a progressão da doença em 27% para a vida cotidiana das famílias? Outras preocupações incluem o custo estimado em cerca de US$ 25.000 por paciente por ano, e o fato de que os medicamentos são indicados apenas para pacientes muito específicos em estágios iniciais da doença.

Os autores da série na Lancet analisam a “variedade de reações” e o “ceticismo” gerado pela introdução desses medicamentos na comunidade científica, levantando questionamentos sobre se a mesma impaciência teria ocorrido em outras áreas de tratamento. Eles comparam a eficácia, o custo e o impacto dos novos medicamentos para Alzheimer com outros fármacos biológicos para diferentes condições. Por exemplo, enquanto efeitos adversos graves ocorreram em 1 em cada 300 pacientes que tomaram lecanemab e em 1 em 65 que tomaram donanemab, os ensaios do pembrolizumabe (uma imunoterapia) para câncer de pulmão apresentaram efeitos colaterais em 27% dos casos.

Mudança de paradigma no diagnóstico

Apesar das controvérsias, a comunidade científica concorda que esses novos medicamentos representam um primeiro passo importante, com a possibilidade de um futuro mais promissor. A pesquisa não se limita apenas à farmacologia; os avanços no diagnóstico também são surpreendentes. Os biomarcadores que identificam traços biológicos da doença estão se desenvolvendo rapidamente, e fortes expectativas estão se formando em torno de testes de sangue que possam detectar a presença de Alzheimer.

Com a chegada de biomarcadores plasmáticos, a detecção da doença poderá ocorrer de forma mais simples e eficiente. Fortea afirma que confirmar um diagnóstico em todas as fases da doença é fundamental, e sem a utilização de biomarcadores, não saberá o que está realmente acontecendo com o paciente. Caso se prove eficaz a utilização desses biomarcadores em tratamentos preventivos, a abordagem para o Alzheimer poderá se transformar completamente nos próximos anos.

O impacto social e ético da doença

Além das inovações científicas, a percepção social em relação ao Alzheimer também representa um desafio. O estigma associado à doença, que muitas vezes é considerada como parte do envelhecimento, leva a um diagnóstico tardio. O sentimento de nihilismo e a cosmovisão ageístas criam barreiras para que os pacientes reivindiquem diagnósticos e tratamentos adequados. A luta contra o Alzheimer, portanto, não é apenas médica, mas também social, exigindo uma mudança de mentalidade para garantir que os pacientes recebam o suporte necessário.

O futuro do tratamento do Alzheimer parece mais esperançoso do que nunca, com a perspectiva de que as inovações científicas possam não apenas alterar a forma como a doença é tratada, mas também como as sociedades a entendem e a respondem. O caminho à frente é longo, mas cada avanço traz a promessa de um amanhã melhor para milhões de pessoas afetadas pela doença.

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