Na última terça-feira (23) e quarta-feira (24), mais de 3.500 internos do sistema prisional do Estado do Piauí participaram da prova do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Esta edição do exame, voltada para pessoas privadas de liberdade (PPL), ocorre em todas as 17 unidades prisionais do estado, oferecendo uma oportunidade única de educação e reintegração social.
Importância do Encceja nas unidades prisionais
As provas do Encceja são parte de uma política educacional importante, conforme indicou Aparecida Franco, gerente de Educação Prisional da Secretaria da Justiça (Sejus). Segundo ela, “o Encceja celebra a certificação do ensino fundamental e do ensino médio, e em todas as unidades do Estado temos internos realizando a prova”. Essa iniciativa destaca o trabalho colaborativo entre a Sejus, a Secretaria da Educação (Seduc) e a Polícia Penal, que se empenham em garantir acesso à educação aos internos.
As provas do Encceja no Piauí representam um crescimento significativo de 15,5% no número de participantes em relação ao ano anterior. Dos 3.562 internos que se inscreveram, 2.199 buscam a certificação do ensino fundamental, enquanto 1.363 almejam a certificação do ensino médio. Este aumento evidencia o interesse e a busca por uma nova oportunidade de vida, mesmo em condições de privação de liberdade.
Preparação e orientações aos candidatos
A realização do Encceja não se resume apenas à aplicação das provas. Antes do exame, houve um trabalho preparatório que incluiu inscrições e revisões com professores que atuaram nas unidades prisionais. O objetivo era orientar os candidatos sobre os conteúdos que seriam cobrados, contribuindo para aumentar as chances de aprovação.
Esse suporte educacional é fundamental, pois a possibilidade de obter a certificação do ensino fundamental ou médio abre portas para os internos, proporcionando um caminho para a reintegração social. Além disso, a participação no Encceja pode levar à remição de pena, uma prerrogativa prevista na Lei de Execuções Penais (LEP), que permite a diminuição do tempo de prisão por meio da educação.
Impacto na vida dos internos
A participação no Encceja pode ter um impacto profundo na vida dos internos. A educação é uma ferramenta poderosa que pode transformar trajetórias e trazer novas perspectivas. Para muitos, a chance de obter um diploma é vista não apenas como uma conquista pessoal, mas como uma esperança de uma vida melhor após a saída do sistema prisional.
Os relatos de internos que já participaram de edições anteriores do Encceja demonstram que a educação é um dos principais fatores que contribuem para a reintegração social e a diminuição da reincidência criminal. “Acredito que a educação pode mudar tudo. Terminar o ensino médio é um passo a mais para conseguir um emprego e reconstruir minha vida”, afirmou um dos participantes do exame.
Expectativas de resultados positivos
Com a realização do Encceja deste ano, as autoridades e responsáveis pela implementação do exame estão otimistas quanto aos resultados. Aparecida Franco expressou sua confiança em um desempenho positivo, “acreditamos num resultado positivo, com bons índices de aprovação no Estado”. Essa expectativa é compartilhada por muitos, que veem na certificação uma oportunidade de mudança e de novos começos.
O Encceja no Piauí não apenas oferece a chance de conquista educacional, mas também representa um esforço coletivo para promover a dignidade e a cidadania entre aqueles que estão cumprindo pena. Nesse sentido, a continuação e ampliação dessas iniciativas são essenciais para fomentar um ambiente mais justo e solidário.
À medida que o sistema prisional busca maneiras de integrar os internos à sociedade de forma mais efetiva, programas como o Encceja se destacam como fundamentais. A educação é um direito de todos, e garantir esse acesso, mesmo dentro das prisões, é um passo significativo rumo à construção de um futuro mais promissor para todos.