No último mês, um grupo de turistas se mobilizou para denunciar a agência de turismo Latitude Outdoor, acusando-a de aplicar golpes em seus clientes. Os relatos incluem pacotes de viagens cancelados em cima da hora, deixando dezenas de pessoas sem as férias planejadas e levando à frustração e prejuízos financeiros.
O sonho de viajar se torna pesadelo
Fabiana Hervaes Pimenta, assistente administrativa, sonhava em ver neve pela primeira vez no Chile. Após um ano de planejamento, ela adquiriu um pacote de viagem com a Latitude Outdoor, que se autodenomina especialista em viagens em grupo. O sonho de Fabiana, no entanto, se transformou em frustração. “O sonho ficou frustrado e foi adiado. É a frustração de todo o gasto que eu tive além do pagamento da agência”, lamentou.
Fabiana e mais 15 pessoas compraram pacotes para as férias de julho, que incluíam voo, hospedagem e guias. Contudo, uma semana antes da viagem, começaram os problemas. “As respostas da agência eram lentas e evasivas”, afirmou ela, que ficou preocupada com a falta de informações sobre o itinerário da viagem. No dia anterior à partida, a Latitude Outdoor anunciou o cancelamento da viagem. “Minhas férias são agora. Não tem como remarcar”, desabafou Fabiana.
Relatos semelhantes de clientes
Outros clientes compartilharam experiências igualmente frustrantes. Carolina Maganha, que pagou R$ 5.910 por um pacote, recebeu a notícia do cancelamento somente um mês após a compra. A professora Roberta Nascimento, que havia adquirido um pacote para Minas Gerais, também viu sua viagem ser cancelada em cima da hora, a três dias da data da viagem, sem que o dinheiro fosse reembolsado.
“Nós recebemos a mensagem de que a viagem não ocorreria por falta de pessoas e que o reembolso seria feito. O dinheiro nunca voltou”, relatou Roberta. Além disso, há casos em que clientes conseguiram embarcar, mas não tinham passagem de volta, obrigando-os a comprar novas passagens no aeroporto.
Recomendações e ações legais
O advogado Gabriel Britto, especialista em direito do consumidor, aconselha os afetados a registrar boletins de ocorrência e, caso necessário, entrar com ações judiciais. Segundo ele, “o devido boletim de ocorrência deve ser registrado ao indício de prática de crime contra o consumidor”. Os consumidores devem coletar provas e procurar o juizado especial cível mais próximo.
Apesar dos processos já abertos contra a Latitude Outdoor, os sócios William Amandula da Anunciação e Vitória da Cunha Ferreira Alvim ainda são alvos de buscas e não foram localizados pela Justiça. A empresa, que continua oferecendo pacotes para 2026, já possui um histórico de reclamações semelhante.
Resposta da empresa e investigações em andamento
A Latitude Outdoor defendeu-se, afirmando que os cancelamentos foram necessários devido a problemas internos, oferecendo a possibilidade de reembolso ou novas datas para os clientes afetados. Apesar da continuidade das operações, a empresa enfrenta problemas de reputação significativos à medida que mais consumidores relatam experiências negativas.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando os casos relatados e já fez recomendações para que outras vítimas se manifestem para ajudar nas investigações. O caso de Fabiana é apenas um dos vários relatos que geraram preocupação sobre a segurança e a confiabilidade das agências de turismo no Brasil.
“Muitas pessoas foram prejudicadas em relação a essas viagens. Isso é muito preocupante”, finalizou Fabiana, refletindo o temor de muitos consumidores diante da situação. A realidade enfrentada por esses turistas destaca a importância de cautela ao contratar serviços de turismo, principalmente em tempos de incerteza econômica.