O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (23) que há espaço para o juro básico da economia, fixado pelo Banco Central, recuar do atual patamar de 15% ao ano. Segundo ele, a taxa “nem deveria estar em 15%”, que é o maior nível desde os últimos dois décadas.
Perspectiva de baixa na taxa de juros
Durante entrevista ao portal ICL Notícias, Haddad destacou a possibilidade de o Banco Central reduzir a taxa, reforçando que essa decisão depende do andamento da inflação e da conjuntura econômica. “Eu entendo que tem espaço para esse juro cair. Acredito que nem deveria estar em 15%”, afirmou.
A taxa de juros foi mantida pelo Banco Central na semana passada, após duas horas de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Desde o começo de 2025, a autoridade monetária é dirigida pelo presidente Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que possui maioria na gestão atual.
Impacto na inflação e política monetária
Haddad também comentou sobre a trajetória da inflação neste ano, afirmando que ela deve ficar menor ou igual à de 2024. “Está voltando para patamares próximos do teto da banda [4,5% ao ano], importante trazer para dentro da banda”, declarou. O sistema de metas do Banco Central prevê uma inflação entre 1,5% e 4,5% para ser considerado dentro do limite desejado.
O Banco Central reiterou que a desaceleração do crescimento econômico é necessária para conter a pressão inflacionária, embora o governo tema o impacto disso na geração de empregos e na renda da população. A expectativa do mercado financeiro é que o juro básico (Selic) só comece a cair em 2026.
Como funciona a definição da taxa de juros
A taxa de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação e garantir a estabilidade econômica. A decisão é realizada com base nas projeções de inflação futuras, não na variação atual de preços. Desde o início de 2025, o sistema de metas é contínuo, buscando que a inflação se mantenha dentro do intervalo de 1,5% a 4,5%.
Atualmente, as projeções do mercado indicam uma inflação oficial acima da meta central de 3% nos próximos anos. Para 2025, a expectativa é de 4,83%, podendo chegar a 4,29% em 2026, 3,9% em 2027 e 3,7% em 2028.
Reformas tributárias e combate à desigualdade
Haddad também abordou as reformas no Imposto de Renda, ressaltando que o Congresso Nacional está “muito maduro” para aprovar a ampliação da isenção para quem ganha até R$ 5 mil. No entanto, ele destacou que a maior dificuldade está na compensação dessas perdas de arrecadação.
Para equilibrar as contas, o governo planeja taxar os mais ricos — aqueles com renda mensal superior a R$ 50 mil — com uma alíquota de até 45% sobre dividendos e ganhos financeiros. “Hoje, o rico paga 2%. Sair de 2% para 10% é uma revolução”, afirmou Haddad, defendendo uma maior taxação sobre o patrimônio para reduzir as desigualdades.
Segundo o ministro, a estratégia de aumentar a arrecadação sobre renda e reduzir impostos sobre consumo é fundamental para promover uma reforma fiscal mais justa e sustentável, contribuindo também para o crescimento econômico de longo prazo.