O Banco Central anunciou nesta terça-feira (23) que a taxa Selic deve permanecer em 15% por um período bastante prolongado, visando a redução da inflação para a meta de 3,0%. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, a autoridade monetária destacou que os dados recentes de atividade econômica e inflação reforçam a necessidade de manter esse nível elevado de juros.
Decisão de manutenção da taxa Selic e contexto atual
Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% pela segunda vez consecutiva, marcando o maior nível desde julho de 2006. Segundo o Banco Central, essa pausa no ciclo de alta busca avaliar os impactos acumulados do aumento de juros e verificar se o cenário se mantém alinhado às projeções para a convergência da inflação à meta.
“Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados. Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que mantém a taxa inalterada”, afirmou o BC na ata.
Perspectivas de inflação e cenário econômico
O Banco Central projeta que o IPCA chegará a 3,4% no primeiro trimestre de 2027, período em que a meta de 3,0% deve ser atingida. Apesar de sinais de moderação na atividade econômica e alguma melhora nas expectativas inflacionárias, o BC acredita que o quadro ainda não é compatível com o objetivo de controle da inflação.
O documento ressalta que a inflação mensal está mais benigno, mas alguns grupos de preços continuam acima do nível compatível com a meta, desencorajando uma redução automática da taxa de juros.
Contexto externo e riscos de longo prazo
Apesar das melhorias internas, o BC destacou a persistência de incertezas no cenário externo. A redução dos juros nos Estados Unidos tem impacto maior no mercado global do que temas estruturais, como a situação fiscal de países desenvolvidos.
O Comitê também monitorará de perto os efeitos da recente apreciação cambial, relacionada ao diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, assim como os riscos de longo prazo, incluindo tarifas comerciais e a situação fiscal dos países desempenhandose papel importante na condução da política monetária.
Vigilância contínua e possibilidade de ajustes futuros
Segundo o BC, o Comitê continuará vigilante, pronto para retomar o ciclo de alta dos juros se necessário, reafirmando o compromisso de levar a inflação à meta. A avaliação de que a economia brasileira está em moderação de crescimento reforça a estratégia de manter a taxa elevada por período prolongado.
O Banco Central também ressaltou que continuará atento às vias de transmissão da conjuntura externa sobre a inflação interna, especialmente às mudanças no câmbio, que tiveram apreciação recente influenciada pelo cenário internacional.
Com a tendência de desaceleração em atividade e inflação moderada, a expectativa do BC é de que, com a permanência na taxa atual, a convergência para a meta seja possível, embora seja necessário monitorar de perto os riscos de incômodo externo e ajustes internos.
Mais detalhes sobre a decisão e projeções podem ser acessados na fonte original.