No último fim de semana, o Hospital Municipal Pedro II, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, foi palco de uma invasão armada que levantou questões sobre a segurança nas unidades de saúde do estado. Durante a ação, o criminoso Erlan Oliveira de Araújo, conhecido como “Orelha”, entrou na instituição para “terminar um serviço” relacionado a Lucas Fernandes de Souza, um paciente que havia sido baleado horas antes. Este incidente evidenciou não apenas a fragilidade da proteção nas instalações hospitalares, mas também a crescente interseção entre crime organizado e serviços essenciais.
O ataque ao Hospital Pedro II
Conforme reportado por câmeras de segurança, um grupo de seis homens armados chegou ao hospital em dois veículos. A gravação mostra que, enquanto dois bandidos ficaram do lado de fora armados com fuzis, os outros quatro invadiram o local. Vestidos com casacos escuros e usando luvas, eles buscavam especificamente por Lucas, que havia se recuperado de cinco ferimentos por arma de fogo. Apesar da invasão, o paciente já tinha sido transferido para outra enfermaria, evitando um possível confronto mortal.
A presença de médicos e pacientes no hospital apenas intensificou a gravidade da situação. As testemunhas afirmam que os criminosos circularam por áreas sensíveis, como o centro cirúrgico, onde várias mulheres estavam em trabalho de parto. “Acho difícil de acreditar que algo assim possa acontecer dentro de um hospital. Este deveria ser um lugar seguro”, disse uma funcionária que preferiu não se identificar.
A reação das autoridades e do setor de saúde
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que, apenas em 2023, as unidades de saúde do município foram forçadas a interromper o atendimento mais de 500 vezes devido a episódios de violência, incluindo tiroteios e invasões. O Secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz, fez um apelo para que a sociedade não naturalizasse a violência nas ruas e destacou a urgência de melhorar a segurança nas instituições de saúde.
“Não podemos nos acostumar com a ideia de que isso é normal. O medo já faz parte da rotina de nossos profissionais de saúde”, comentou Soranz. A retórica continuou com críticas à resposta da Secretaria de Segurança Pública, já que o secretário de segurança, Victor Santos, relatou uma falta de comunicação adequada entre os órgãos sobre as violações. “Recebi a lista de incidentes após a invasão, o que mostra uma falha na gestão da segurança pública”, disse Santos.
A perspectiva dos profissionais de saúde
Apesar do clima de medo e insegurança, os médicos e enfermeiros demonstram um compromisso admirável com a vida e a saúde de seus pacientes. “O serviço não para. A porta continua aberta, e os pacientes precisam de nós. Trabalhamos sob essa pressão constante, mas nossa prioridade é o cuidado”, afirmou um profissional de saúde que, também, optou por não se identificar. As preocupações com sua segurança e a do local, porém, permanecem em discussão, pois o hospital está situado em uma área conhecida pela presença de milícias.
O impacto da violência na saúde pública do Rio
O ataque ao Hospital Municipal Pedro II não é um caso isolado, mas parte de uma preocupação maior sobre a segurança nas instituições de saúde no Rio de Janeiro. A realidade de violência, que parece estar se intensificando, exige uma análise séria e vigorosa das políticas de segurança pública. Enquanto as autoridades trocam acusações sobre quem é responsável pela proteção dos cidadãos, os profissionais de saúde continuam suas atividades, na esperança de não serem as próximas vítimas da frágil segurança pública.
Neste cenário alarmante, a sociedade civil, as autoridades de saúde e segurança precisam se unir para enfrentar os desafios apresentados pela criminalidade, especialmente nas áreas mais afetadas. A integridade e a segurança dos hospitais e de seus profissionais são fundamentais para o funcionamento adequado do sistema de saúde no estado.
Como cidadãos, é vital que apoiemos as propostas de melhoria das condições de trabalho nos hospitais e exijamos que a questão da segurança não seja mais ignorada. Com a invasão armada de um hospital, estamos frente a um ponto crítico e precisamos urgente de soluções eficazes.
Os profissionais de saúde merecem trabalhar em um ambiente seguro, onde possam dedicar-se integralmente à vida dos pacientes que atendem, sem a sombra do medo constante pairando sobre eles.