Na publicação mais recente do Relatório Interino de Perspectivas Econômicas, a OCDE destaca que o impacto total das tarifas de importação dos Estados Unidos ainda não se manifestou plenamente. O documento, divulgado nesta terça-feira (23), aponta que o crescimento global deve permanecer mais resistente do que o previsto, sustentado por investimentos em inteligência artificial e apoio fiscal.
Impacto das tarifas de importação dos EUA ainda em curso
Segundo a OCDE, as tarifas elevadas, que atualmente atingem uma taxa efetiva média de aproximadamente 19,5% desde agosto — o nível mais alto desde 1933 —, continuam tendo efeito no mercado. Até o momento, as empresas têm minimizado o impacto ao reduzir margens de lucro e aumentar estoques de segurança, antecipando compras antes da implementação das tarifas mais altas.
“Os efeitos totais dessas tarifas ficarão mais claros à medida que as empresas esgotarem seus estoques e que as taxas tarifárias continuarem crescendo”, afirmou Mathias Cormann, diretor da OCDE, em coletiva de imprensa. A expectativa é de que o impacto total só seja percebido com maior clareza no futuro próximo.
Previsões econômicas atualizadas
A organização revisou levemente suas projeções para o crescimento global, que deve passar de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025, superando os 2,9% previstos em junho. Para 2026, a expectativa permanece em 2,9%, considerando que o efeito de estocagem deve diminuir e tarifas mais elevadas possam frear investimentos e comércio internacional.
Nos Estados Unidos, o crescimento deve desacelerar de 2,8% em 2024 para 1,8% em 2025, antes de atingir 1,5% em 2026. A OCDE atribui esse ritmo à combinação de fatores, como o ciclo de investimentos em inteligência artificial, estímulos fiscais e cortes de juros do Federal Reserve, que devem amenizar parcialmente os efeitos das tarifas, redução da imigração e diminuição de funcionários federais.
Perspectivas para China, Europa e Brasil
A China, que também deve desacelerar, apresenta uma estimativa de crescimento de 4,9% neste ano, acima dos 4,7% previstos em junho, apoiada por estímulos fiscais. Para 2026, o crescimento deve recuar para 4,4%, seguindo uma tendência de desaceleração, impulsionada pelo esgotamento do esforço de antecipação de exportações diante das tarifas.
Na zona do euro, as tensões geopolíticas e comerciais devem limitar o impacto de políticas de juros mais baixas, com previsão de crescimento de 1,2% neste ano e 1,0% em 2026. Alemanha é destaque positivo, enquanto França e Itália enfrentam pressões decorrentes de medidas de austeridade.
Já o Brasil possui previsão de avanço de 2,3% em 2024 e 1,7% em 2026, ambas revisadas para cima em relação às estimativas anteriores. Segundo a OCDE, o cenário interno se beneficia de uma política monetária mais frouxa e de uma retomada moderada do consumo e dos investimentos.
Política monetária flexível na perspectiva internacional
A OCDE acredita que a maioria dos bancos centrais deve manter ou reduzir os custos de empréstimo ao longo do próximo ano, desde que a inflação continue sob controle. Nos EUA, espera-se que o Federal Reserve realize novos cortes de juros, a menos que tarifas elevadas acelerem a inflação de modo disseminado, prejudicando a recuperação econômica.
Agenda de Trump e expectativas futuras
O ex-presidente Donald Trump falou nesta sexta-feira em entrevista na Casa Branca sobre o impacto das tarifas e a possível evolução da política comercial dos EUA. A expectativa, segundo a OCDE, é de que efeitos mais contundentes das tarifas ainda estejam por vir, influenciando as dinâmicas econômicas globais nos próximos meses.
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