Brasil, 23 de setembro de 2025
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Puxuri, noz-moscada amazônica, conquista espaço na alta gastronomia brasileira

Especiaria ancestral da Amazônia, o puxuri começa a ganhar destaque no Brasil por seu sabor aromático e múltiplos usos na indústria

Ainda pouco conhecido fora da Amazônia, o puxuri (Licaria puchury-major), também chamado de “noz-moscada amazônica”, revela-se uma especiaria de valor histórico, cultural e econômico. Com sabor mentolado, de anis-estrelado e cravo, a semente vem sendo cada vez mais utilizada na alta gastronomia por chefs renomados e em novos segmentos, como cosméticos e incensos.

Origem e história do puxuri na Amazônia

Segundo o pesquisador José Edmar Urano de Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, o puxuri foi descoberto ainda no período colonial, quando Portugal buscava substituir especiarias importadas da Índia por ingredientes locais. “No século XVII, já havia registros de exportação da semente para a Europa, onde chegou a ser comparada à noz-moscada”, conta. Ainda hoje, a produção se concentra em comunidades de Tomé-Açu, no Pará, onde agricultores descendentes de imigrantes japoneses cultivam a planta em sistemas agroflorestais.

Reaproveitamento na gastronomia e indústria

Na culinária, o puxuri demonstra ser mais versátil do que a noz-moscada convencional, por apresentar um sabor menos doce. É utilizado tanto em pratos doces quanto salgados, enriquecendo receitas com seu aroma mentolado e caráter exótico. “Tem uma aplicação, por exemplo, em sobremesas, caldos e condimentos”, explica o produtor Francisco Sakaguchi, que mantém cerca de 500 pés de puxuri em sua fazenda de 360 hectares em Tomé-Açu.

Novos usos e mercados emergentes

Além da gastronomia, o puxuri vem ganhando espaço na produção de incensos e cosméticos. Algumas indústrias já demonstraram interesse em seu óleo essencial, utilizado como fixador de aromas. Sakaguchi revela que recentemente vendeu um lote para a Natura, que ainda não trabalha com o ingrediente em seus cosméticos, mas enxerga potencial na biodiversidade amazônica.

Proposta de valorização e desafios

Apesar de seu potencial, o cultivo do puxuri apresenta desafios, como o longo período de frutificação, que leva de oito a dez anos. A espécie ainda não passou por processos de domesticação ou melhoramento genético, resultando em uma produção modesta, entre 10 e 15 toneladas anuais em boas safras. Sakaguchi, que é da terceira geração de produtores da região, relata que sua produção chega a 540 kg de sementes em safras favoráveis, vendendo a R$ 120 a R$ 200 o quilo.

O mercado do puxuri é considerado promissor por sua alta valorização, múltiplos usos e crescente interesse de indústrias de cosméticos, farmácia e alimentos naturais. “A especiaria tem história, valor medicinal, gastronômico e econômico, e o desafio agora é transformar esse potencial em oportunidades concretas para a Amazônia”, destaca Urano de Carvalho.

Perspectivas e oportunidades futuras

Com um cultivo que exige solos úmidos e produção concentrada na safra de novembro a março, o puxuri ainda enfrenta limitações de rendimento. No entanto, sua valorização no mercado e os investimentos em pesquisa pela indústria de cosméticos, como a Natura, apontam para uma expansão futura, que pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da região amazônica, fortalecendo comunidades locais e valorizando a sociobiodiversidade.

Para quem deseja conhecer mais sobre essa especiaria, o artigo completo está disponível em O Globo – Puxuri, noz-moscada da Amazônia.

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