Brasil, 23 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Celso Ferrer da Gol: ciclos, confiança e o papel do CEO

Celso Ferrer, CEO da Gol, fala sobre os limites da IA, suas experiências profissionais e a importância de completar ciclos na carreira.

Antes de iniciar a entrevista com Celso Ferrer, CEO da Gol, comentei o quanto detesto frases de efeito sobre carreira. Ironia: acabei eu mesmo repetindo um destes chavões, do qual ele fugiu com elegância — padrão ao longo da conversa para o terceiro capítulo desta newsletter.

Ferrer discutiu os limites da inteligência artificial (IA), ressaltando que, embora ela venha para ficar, a primeira onda ainda é de muitos testes. Ele também criticou a ideia de que mudar de emprego seja um valor em si e relembrou os períodos mais difíceis de sua trajetória: os dois anos de reestruturação da Gol. “Na hora que precisei, vi como relações de confiança e longo prazo são fundamentais”, afirmou o executivo, formado em economia e relações internacionais.

IA na Gol: avanços e cautela

Sobre o impacto da IA na empresa, Ferrer explicou que, até agora, ela não substituiu postos de trabalho. “Criamos um time de facilitadores para garantir segurança da informação e orientar cada área sobre como usar essa tecnologia para ganhar produtividade. O foco é ganhar agilidade no atendimento ao cliente — não eliminar postos de trabalho”, afirmou.

Como concreto, mencionou a criação da robô Gal, que reúne respostas e manuais para o público interno. Atualmente, ela auxilia na rotina de novos funcionários no check-in, e a Gol pretende ampliar sua utilização para os clientes, fazendo tudo com cautela.

Áreas promissoras para a IA no setor aéreo

A previsão de Ferrer é que departamentos de atendimento ao cliente, trabalho manual e jurídico estejam entre os principais beneficiados pelo uso da IA. Ele aponta ainda que, futuramente, setores como recursos humanos e fiscal poderão aproveitar a tecnologia para aumentar a eficiência, identificando padrões em análises de contratos e ações jurídicas, sempre com foco na produtividade.

Carreira: experiências, ciclos e a busca por propósito

Ferrer, que entrou na Gol como estagiário em 2004 e nunca mais saiu de uma mesma empresa, comenta que casos como o seu se tornaram raros atualmente. “Hoje, vender a ideia de acumular experiências, até nos relacionamentos, é comum. Mas o que realmente importa são as experiências e situações às quais você foi exposto”, avalia. Para ele, permanecer mais tempo em uma organização ajuda a completar ciclos, construir reputação e uma rede de apoio, essenciais para realizar um bom trabalho.

O significado de ciclos longos na carreira

Segundo Ferrer, ciclos longos são importantes para consolidar uma trajetória profissional sólida, permitindo que o profissional tenha tempo de evoluir e de gerar confiança na sua rede de contatos. “Sem isso, fica difícil executar seu trabalho de forma consistente”, reforça.

Formação, experiências e escolhas

Ferrer explica que, desde pequeno, tinha o sonho de pilotar, mas, ao perceber as limitações financeiras, optou por estudar relações internacionais e economia, buscando estar preparado para o mercado de trabalho. Durante a faculdade, trabalhou ao mesmo tempo, o que ele considera uma experiência enriquecedora e que dobra a sua formação.

Ao analisar sua trajetória, destaca que seu ingresso na Gol e a escolha de fazer estágio na área de precificação foram apostas em fazer o que gostava, sem esperar uma carreira rápida ou atalhos. “Foi uma oportunidade de conhecer o meu mundo, e isso me ajudou a crescer”, afirma.

Ascensão e mudanças na liderança

Ferrer não acredita na ascensão meteórica como regra, embora tenha tido experiências marcantes, como o fato de ter se tornado gerente aos 24 anos e, aos 28, ter deixado tudo para tentar realizar seu sonho de ser piloto. Ele voou por dois anos e meio e, ao receber a oferta de um cargo de diretor de frota, optou por voltar à direção executiva — sempre guiado pelo desejo de aprender mais e fazer o que acha certo, independentemente do salário.

Ao chegar à CEO aos 39 anos, destacou a necessidade de aprender rapidamente, pois a reestruturação da Gol nos últimos anos exigiu que ele enfrentasse várias lacunas de formação, reforçando o valor das relações de confiança duradouras.

No final, Ferrer reforça que o papel do CEO muda conforme a fase da empresa, mas que a base de tudo continua sendo experiências sólidas, ciclos cumpridos e uma rede de apoio confiável.

  • IA nas empresas exige cautela, não pressa.
  • Reputação vem de concluir ciclos, não de atalhos.
  • Estudar e trabalhar ao mesmo tempo gera experiência em dobro.
  • Faça o que gosta, mas saiba que há mais para fazer.
  • O papel do CEO evolui com a fase da companhia.

Fonte: Fonte completa

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes