A Taxi Aéreo Piracicaba (TAP) tem sido um ponto de interesse nas investigações da Polícia Federal, especialmente em relação ao uso de aeronaves pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde 2020, pelo menos três ex-autoras de partidos políticos no Brasil optaram por contratar os serviços da empresa. De acordo com informações obtidas pelo Metrópoles através de prestações de contas e notas fiscais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as contratações envolveram líderes de partidos como o PT, PSB e Republicanos.
Contexto da investigação e contratações
A empresa TAP se tornou alvo da Operação Tank, que explora possíveis ligações entre a empresa e o tráfico de drogas, bem como o financiamento de atividades criminosas. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, foi recentemente classificado como alvo da Polícia Federal em uma investigação que analisa o seu possível envolvimento com o PCC. A preocupação se concentra em saber se ele estaria agindo como um proprietário oculto de jatos operados pela TAP, que foram utilizados por indivíduos sob investigação, como Roberto Augusto Leme da Silva e Mohamad Hussein Mourad.
Contratações significativas por partidos
De acordo com os registros do TSE, o Partido dos Trabalhadores (PT) fez uma contratação relevante da TAP em maio de 2023, totalizando R$ 108 mil. O voo fretado teve como objetivo a locomoção de Belo Horizonte, passando por Montes Claros e finalizando em Brasília, reforçando a agenda de campanhas políticas no interior de Minas Gerais.
O contrato descreve o serviço como “fretamento de aeronave para a presidente nacional Gleisi Hoffmann”, que na época era a líder do PT e atualmente ocupa o cargo de ministra de Relações Institucionais do governo Lula.
Republicanos e PSB também fazem uso da TAP
O partido Republicanos não ficou atrás, realizando três contratações da TAP em 2024 para facilitar a logística do então líder da legenda, Hugo Motta. As viagens ocorreram entre Brasília e diversas capitais, como Belém e São Paulo, demonstrando um esforço para consolidar apoio em sua candidatura a presidente da Câmara.
O PSB, por sua vez, também utilizou os serviços da TAP em 2022, gastando aproximadamente R$ 50 mil em um voo que transportou o vice-presidente Geraldo Alckmin de Congonhas a Alfenas, a pouco menos de um mês do segundo turno das eleições. O partido afirmou que todas as contratações seguiram as normas de transparência e os pagamentos foram devidamente declarados ao TSE, com documentação disponível para consulta pública.
Resposta dos partidos e futuro da investigação
O Metrópoles procurou os partidos envolvidos para comentar sobre as contratações, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta. A situação continua a evoluir, e as investigações da Polícia Federal estão sob intensa supervisão, à medida que mais detalhes estão sendo revelados. O uso de aeronaves por líderes partidários em contextos potencialmente ilegais levanta questões sérias sobre a transparência e a legalidade das relações entre a política e o crime organizado no Brasil.
Com a Operação Tank em andamento, espera-se que mais informações surjam nos próximos dias, potencialmente afetando a dinâmica política e a reputação dos partidos envolvidos. O desenrolar dessas investigações deverá ser monitorado de perto, dado o seu impacto na confiança pública nas instituições políticas brasileiras.
Em meio a esse cenário complexo, a sociedade se questiona sobre os mecanismos que devem ser utilizados para garantir a integridade das campanhas eleitorais e a prevenção de influências criminosas na política nacional.