Nesta quarta-feira, dia 26 de setembro de 2024, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, realizará um encontro esperado com o argentino Javier Milei, na mesma semana em que fará seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. A conversa ocorre em meio à forte instabilidade econômica da Argentina, e a Casa Branca via Milei como um aliado importante na região.
Reação do mercado e apoio dos EUA à Argentina
Após a confirmação do encontro, o mercado financeiro argentino reagiu positivamente. O peso se valorizou e o risco-país despencou 25%, refletindo maior confiança dos investidores. Segundo Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, os EUA oferecerão “todas as opções para a estabilização” da economia argentina, prometendo um apoio “grande e contundente” após o encontro entre Trump e Milei.
Medidas de suporte e contexto econômico
Bessent afirmou que qualquer ajuda dos EUA seria significativa, sem impor novas exigências à Argentina. A intervenção acontece em momento de forte crise cambial, com o dólar quase atingindo o teto da banda do acordo com o FMI, e reservas líquidas abaixo de US$ 6 bilhões. Para o governo argentino, o apoio financeiro será crucial para evitar uma desvalorização ainda maior do peso e uma crise social maior, semelhante à de 2001, que marcou o país.
De acordo com uma fonte do governo argentino, o “piso do empréstimo” dos EUA seria de US$ 12 bilhões, valor considerado necessário para mitigar a crise e preparar o terreno para as eleições legislativas de 26 de outubro. Em Buenos Aires, a medida de suspensão de tarifas de exportação de grãos e carnes também contribuiu para a melhora momentânea do câmbio e da Bolsa de Valores, com o dólar caindo mais de 4% e o índice acionário saltando 8,1%.
Por que o apoio dos EUA é decisivo
Analistas afirmam que o suporte financeiro de Washington pode ser decisivo para que Milei mantenha uma base política sólida em meio às turbulências. Uma ajuda maior permitirá ao governo argentina evitar perdas eleitorais e implementar suas reformas, enquanto a ausência de apoio poderia levar a uma recessão mais profunda e maior perda de credibilidade.
Histórico de socorro financeiro e possibilidades futuras
Nos anos 1990, os EUA utilizaram o Supervisory Foreign Assistance Fund (ESF) para socorrer México e Uruguai em momentos de crise. Na Argentina, a expectativa é de que o governo receba uma linha de crédito de mais de US$ 10 bilhões, suficiente para dar alívio no curto prazo, mas insuficiente para uma recuperação duradoura. O cenário político, porém, ainda é incerto, e a eventual perda de apoio político pode obrigar Milei a recuar em suas promessas econômicas.
O papel do cenário internacional e o impacto no mercado
A aproximação de Trump e Milei reforça a estratégia dos EUA de assegurar influência na América do Sul, especialmente em momentos de instabilidade financeira na região. A reaproximação ocorreu após frustrações anteriores de Milei em seu encontro com Trump na Flórida, em abril. Agora, o encontro em Nova York sinaliza uma tentativa de reverter a imagem de vulnerabilidade do governo argentino e de fortalecer as posições de Milei diante das eleições.
Com o apoio americano, o cenário de crise na Argentina ainda apresenta sinais de alívio momentâneo, mas o país precisa de mais medidas de fundo para garantir estabilidade econômica duradoura. O mercado acompanha atentos, aguardando os próximos passos do governo argentino e do apoio internacional para enfrentar os desafios que se anunciam à frente.
