Brasil, 23 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Bandeira da Palestina é hasteada em prefeituras francesas

Mais de 80 prefeituras na França exibem a bandeira da Palestina, desafiando advertências do governo antes de reconhecimento de estado.

No dia 22 de setembro, mais de 80 prefeituras na França decidiram hastear a bandeira da Palestina, em uma clara manifestação de apoio, desafiando as orientações do Ministério do Interior, que havia advertido para que isso não ocorresse diante da iminente declaração de reconhecimento do Estado palestino pelo presidente Emmanuel Macron, prevista para acontecer nos arredores da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

A resposta da administração francesa

O ministro do Interior, Bruno Retailleau, que ocupa também a presidência do partido de direita Les Républicains, emitiu na semana passada uma ordem aos prefeitos para que obstruíssem a exibição das bandeiras. O ministério alegou que “o princípio de neutralidade no serviço público proíbe tais exibições” e que quaisquer decisões dos prefeitos sobre a hasteação da bandeira deveriam ser encaminhadas aos tribunais.

Até o momento, 86 entre 34.875 prefeituras em todo o país foram identificadas como tendo hasteado a bandeira palestina. As prefeitas socialistas de Nantes e Rennes, cidades importantes na região oeste da França, ergueram as bandeiras em frente às suas prefeituras para marcar a ocasião. “Nossa responsabilidade é rejeitar o silêncio e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para terminar com o horror”, afirmou Nathalie Appere, prefeita de Rennes, em uma declaração oficial.

Um dia histórico para a paz

No subúrbio de Saint-Denis, ao norte de Paris, a bandeira da Palestina foi erguida em uma cerimônia que contou com a presença do líder socialista Olivier Faure, que se opôs à ordem de Retailleau e escreveu a Macron pedindo que a revogasse. “Essa bandeira não é a bandeira do Hamas, é a bandeira de mulheres e homens que também têm o direito à liberdade e autodecisão”, ressaltou Faure.

O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, procurou evitar um envolvimento profundo no debate sobre o que chamou de “um dia histórico para a paz”. Ele expressou seu desejo de que o momento não fosse utilizado para polêmicas políticas, mas sim para unir o país em prol de um objetivo comum: a paz.

Em um ato simbólico, as bandeiras da Palestina e de Israel, além de imagens de uma pomba e de ramos de oliveira, foram projetadas na Torre Eiffel, que brilhou em celebração pelo reconhecimento do Estado palestino. “Paris reafirma seu compromisso com a paz, que, mais do que nunca, requer uma solução de dois Estados”, escreveu a prefeita socialista Anne Hidalgo no Bluesky.

Controvérsias e reações

Apesar da grande manifestação de apoio, a decisão de exibir a bandeira gerou controvérsias. O líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon criticou a projeção da bandeira israelense no emblemático ponto turístico, acusando os socialistas de “trair todos ao mesmo tempo”.

Reconhecendo as reações intensas geradas por sua decisão, incluindo críticas da comunidade judaica na França, Macron publicou um vídeo no domingo, enfatizando que a França deseja “paz, um cessar-fogo imediato e a liberação, sem demora, dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas.”

O assunto continua a provocar divisões internas, refletindo a complexidade das questões políticas que cercam o reconhecimento do Estado palestino e a relação histórica entre França e Israel. À medida que a Assembleia Geral das Nações Unidas se aproxima, a expectativa sobre as próximas ações do governo francês e as respostas da comunidade internacional continuam a crescer.

Essa iniciativa de hasteamento, que vai além de uma simples medida simbólica, sinaliza um momento crucial na política externa da França e gera discussões acaloradas sobre moralidade, direitos humanos e o futuro do Oriente Médio.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes