Os ativos argentinos registraram fortes altas nesta segunda-feira (22), após o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, prometer oferecer “todas as opções para estabilização” da economia do país. A reação ocorreu pouco antes das eleições legislativas de outubro, em meio a uma crise cambial e queda acentuada do peso argentino, que segue queimando reservas internacionais para manter a cotação diante da banda pactuada com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Investidores celebram apoio financeiro dos EUA à Argentina
Em um único pregão, os títulos da dívida em dólares com vencimento em 2035 tiveram a maior alta desde sua emissão em 2020, subindo até 7,6 centavos, para acima de 54 centavos por dólar, segundo dados da Bloomberg. As ações também avançaram 8%, e o índice S&P Merval subia mais de 6%, impulsionados pelo eventual apoio dos Estados Unidos, que também prometeu uma intervenção ampla e enérgica na Argentina, conforme declarou Bessent à CNBC.
Reação do peso e mercado de ações
O peso argentino se valorizou quase 3%, alcançando R$ 1,432 por dólar às 12h45, após o governo de Javier Milei anunciar a suspensão das tarifas de exportação de grãos, estratégia para atrair mais dólares ao país. Como consequência, o índice acionário de referência, S&P Merval, registou alta significativa no mesmo período. A decisão de Milei visa conter a desaceleração do peso, que recuou em várias sessões nesta mês, enquanto o Banco Central queimou US$ 1 bilhão na última semana para tentar estabilizar a moeda.
Volatilidade e tensões políticas no país
Desde a derrota esmagadora do partido de Milei na eleição da província de Buenos Aires, no início do mês, os mercados argentinos têm vivido um cenário de queda livre. A expectativa de uma possível paralisação das reformas econômicas do presidente também aumentou a incerteza, levando o Banco Central a gastar quantias elevadas para tentar conter a desvalorização do peso.
Perspectiva de intervenção dos EUA
Embora os detalhes exatos da ajuda ainda estejam por ser divulgados, a expectativa é de que a apoio possa incluir linhas de swap cambial, recompra de moeda e emissão de dívida em dólares pelo fundo de estabilização cambial do Tesouro americano. Segundo fontes próximas ao governo, a ajuda pode se estender após um encontro de Milei com o presidente dos EUA, Donald Trump, previsto para Nova York nesta semana. Milei já havia sinalizado a intenção de buscar empréstimos do Tesouro americano, cultivando uma relação próxima com o ex-presidente.
Impacto geopolítico e estratégico
Analistas avaliam que o apoio dos EUA a Milei reflete uma estratégia de fortalecer aliados com mentalidade semelhante na região, além de ampliar a presença americana na América do Sul. Claudio Zampa, fundador da Mangart Capital Management, destacou que “para Washington, Milei é mais que um parceiro econômico: é um aliado geopolítico estratégico”.
Contexto político e futuro do país
Apesar da ajuda, as dificuldades da Argentina permanecem, com o país enfrentando uma crise política e econômica profunda. O apoio externo alivia temporariamente a pressão sobre o mercado, mas analistas alertam que mudanças estruturais ainda são necessárias para estabilizar a economia de forma definitiva.
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