O economista-chefe e sócio do BTG Pactual, Mansueto Almeida, confirmou nesta segunda-feira (22) que o Brasil necessita de um ajuste fiscal de cerca de R$ 250 bilhões para equilibrar as contas públicas, mesmo na hipótese mais otimista. Ele participou de evento promovido pelo banco em São Paulo.
Comparação internacional e situação fiscal brasileira
Segundo Mansueto, enquanto países como Estados Unidos, Inglaterra e França enfrentam desafios fiscais, seus déficits nominais representam entre 5% e 6% do PIB. No Brasil, a projeção para o final do atual governo é de um déficit nominal médio de 8,5% do PIB, um dos maiores do mundo, o que evidencia a urgência de uma reforma.
“Temos um ajuste fiscal para ser feito, sendo muito otimista, de R$ 250 bilhões. Se não controlar o crescimento da despesa obrigatória, isso terá que vir de carga tributária, o que eu acho que o Congresso não vai aceitar”, alertou Almeida.
Desafios na política fiscal e dívida pública
Almeida destacou que a trajetória da dívida brasileira é insustentável. Para ele, qualquer governo que assumir em 2027 terá que enfrentar a necessidade de reduzir o crescimento das despesas obrigatórias, incluindo a política de valorização do salário mínimo, que impacta benefícios sociais.
“A gestão dessas despesas não se resolve apenas com reforma administrativa”, afirmou. Ele lembrou que, até 2018, o gasto com pessoal era de cerca de 4,3% do PIB, caiu para 3,3% no final do governo Bolsonaro e se manteve nesse patamar. Portanto, o ajuste na área de pessoal já foi parcialmente realizado, mas outros componentes do gasto público precisarão ser considerados.
Perspectivas para o controle do gasto público
Almeida reforçou que o próximo governo deverá focar no controle do crescimento da despesa obrigatória. Segundo ele, esse controle não será atingido apenas por meio da reforma administrativa, mas por ações em diversos itens de gasto, incluindo programas sociais, que nem sempre chegam às famílias mais pobres.
“Quem quer que seja o próximo mandatário, precisará enfrentar a necessidade de conter o crescimento das despesas obrigatórias”, declarou. Ele também alertou que “infelizmente, muitas dessas despesas estão ligadas a programas sociais que nem sempre beneficiam as camadas mais vulneráveis”.
Implicações para o cenário econômico
Para Mansueto Almeida, sem medidas corretivas, o Brasil poderá enfrentar um cenário de maior dificuldade fiscal, o que prejudicará o ajuste macroeconômico. A postura responsável do Congresso e do Executivo será fundamental para evitar que o déficit e a dívida públicas se tornem inviáveis a longo prazo.
As informações fazem parte do esforço de análise sobre o cenário fiscal do Brasil e reforçam a importância de uma discussão ampla sobre reformas estruturais para garantir o equilíbrio das contas públicas.
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