Na madrugada desta segunda-feira (29), as ações da Cosan caíram mais de 20% após o anúncio da emissão de 2 bilhões de novas ações, que representam mais de 100% do volume atual, para captar R$ 10 bilhões junto ao BTG Pactual, Perfin e o próprio family office do empresário Rubens Ometto. A operação visa reduzir o endividamento da conglomerado sucroalcooleiro e fortalecer sua estrutura financeira, mas tem gerado forte insatisfação entre investidores minoritários.
Reação dos minoritários e críticas de figuras influentes
Entre os pequenos investidores, uma das críticas mais destacadas foi a da economista Louise Barsi, que possui quase um milhão de seguidores no Instagram. Filha do renomado investidor Luiz Barsi, ela classificou a operação como “uma das coisas mais vergonhosas contra acionistas minoritários que já presenciei”.
Louise ainda não detalhou suas críticas além de uma publicação em seu stories, mas o temor de diluição parece estar no centro do debate. A emissão das novas ações irá diluir a participação dos minoritários de cerca de 63% para aproximadamente 39%, enquanto o controle de Ometto, via acordo com o BTG e Perfin, passaria de 36% para cerca de 26%. A operação causa preocupação, pois os preços também foram oferecidos com um desconto de 33% em relação ao último fechamento, o que não acontecia há uma década.
Analistas avaliam a operação como onerosa para acionistas minoritários
Segundo relatório da corretora americana Jefferies, o caminho definido pela Cosan para reduzir sua alavancagem “parece mais oneroso para os acionistas minoritários do que o antecipado”.
Os analistas destacaram ainda que a estrutura de governança da operação levanta questionamentos. “Acreditamos que a ausência de direitos de prioridade para os minoritários na parte da operação que lhes afeta é uma questão. Estimamos que a participação dos minoritários seja diluída de cerca de 63% para 39%, enquanto Ometto manteria o controle com participação entre 26% e 36% dependendo da sua atuação na segunda rodada”, afirmaram na análise.
Perspectivas e impactos futuros
Um gestor da Faria Lima comentou de forma reservada que a queda de hoje é “bem justa” devido à diluição em um preço de R$ 5, além de reconhecer os méritos da operação. “Salvou a empresa, mas o preço pago foi alto. O BTG entrou na mínima”, disse.
Especialistas avaliam que a estratégia, embora difícil, pode ser necessária para a saúde financeira da Cosan. Ainda assim, o episódio reacende o debate sobre governança corporativa e o tratamento dado aos acionistas minoritários em operações de grande impacto.
A expectativa é que, após a forte oscilação, a companhia busque esclarecimentos adicionais e negociações que possam amenizar o impacto para os investidores menos controladores.
Mais detalhes sobre a operação e suas consequências podem ser acompanhados na reportagem do O Globo.