Brasil, 22 de setembro de 2025
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Reconhecimento da Palestina em cúpula da ONU gera polêmica

Reunião em Nova York busca apoio internacional à Palestina, mas Israel alerta para consequências.

Uma cúpula convocada pela França e pela Arábia Saudita está prestes a acontecer, com a expectativa de que vários líderes mundiais reconheçam formalmente um estado palestino. Essa iniciativa foi recebida com críticas pelo governo de Israel, que alega que tal movimento comprometerá as perspectivas para uma resolução pacífica do conflito em Gaza.

O contexto da cúpula e a situação em Gaza

Embora a reunião em Nova York possa elevar o moral dos palestinos, as expectativas são baixas em relação a qualquer mudança concreta no terreno. O governo israelense, considerado o mais à direita da história do país, deixou claro que não haverá um estado palestino enquanto continuam os combates contra o grupo militante Hamas.

A solução de dois Estados tinha sido o cerne do processo de paz apoiado pelos Estados Unidos, iniciado pelos Acordos de Oslo em 1993. No entanto, esse processo enfrentou resistência de ambas as partes e atualmente se encontra praticamente inviável.

A reação de Israel à cúpula

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, critica a cúpula, chamando-a de “circo”. Além de Israel, os Estados Unidos também boicotarão o evento. No entanto, na véspera, países como Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal já reconheceram a Palestina, e espera-se que França e outros cinco Estados façam o mesmo durante a reunião.

Muitos dos países europeus estão agora reconhecendo o estado palestino, embora a Alemanha e a Itália tenham indicado que não deverão seguir esse caminho tão rapidamente. A Alemanha, que historicamente apoiou Israel devido à sua responsabilidade pelo Holocausto, tem se mostrado mais crítica em relação às políticas israelienses, enfatizando que o reconhecimento deve ocorrer apenas ao final de um processo político que busque uma solução de dois Estados. O governo italiano, por sua vez, acredita que reconhecer um Estado palestino poderia ser “contraproducente”.

A resposta de Israel e suas implicações

Nos últimos tempos, Israel tem enfrentado isolamento e condenação global por sua conduta militar em Gaza, que resultou na morte de mais de 65.000 palestinos, de acordo com autoridades de saúde locais. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem ignorado apelos para uma pausa nas ofensivas até que o Hamas seja derrotado e reafirmou que não reconhecerá um estado palestino.

Israel pondera a anexação de partes da Cisjordânia como uma resposta ao reconhecimento da Palestina, o que pode ter consequências negativas e afastar países-chave como os Emirados Árabes Unidos. Os Emirados, que normalizaram relações com Israel em 2020, alertaram que essa medida comprometeria o espírito do acordo. Além disso, a administração dos EUA também avisou sobre possíveis consequências para aqueles que tomarem medidas contra Israel, incluindo a França.

O papel da França e o clamor por ação imediata

A cúpula vem em um momento crítico após a recente ofensiva terrestre de Israel em Gaza, com poucas esperanças de um cessar-fogo após os ataques do Hamas. A França tem liderado essa movimentação, buscando que o anúncio de Macron, feito em julho, de que reconheceria um estado palestino, impulsione um movimento atualmente dominado por nações menores que são mais críticas a Israel.

Com o aumento da violência dos colonos israelenses na Cisjordânia, aumenta a pressão para uma ação antes que a ideia de uma solução de dois Estados se desfaça completamente. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, afirmou que a decisão de apresentar a declaração na ONU é uma ação simbólica que demonstra o compromisso da França com a solução de dois Estados.

Percepções tanto em Gaza quanto em Tel Aviv

No entanto, em Gaza, muitos palestinos não veem alívio na saída da cúpula. Nabeel Jaber, um palestino deslocado, expressou seu ceticismo quanto a qualquer mudança significativa que venha desse reconhecimento: “Acho que não haverá pressão real sobre Israel para conceder os direitos dos palestinos”.

Em Tel Aviv, a perspectiva israelense é de que os palestinos rejeitaram diversas oportunidades no passado para estabelecer um estado. A estudante de cinema Tamara Raveh, de 25 anos, defendeu que Israel não deve buscar a paz com pessoas que, segundo ela, estariam dispostas a causar dano ao seu povo.

Com a situação tão complexa e multifacetada, a cúpula em Nova York pode ser apenas mais um capítulo em um longo e doloroso conflito que persiste na região.

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