No início de setembro, o Papa Leão XIV encerrou o 26º Congresso Mariológico Mariano Internacional na Pontifícia Universidade Antonianum, ressaltando a ligação entre a devoção mariana e o compromisso social. O evento contou com a presença de mais de 600 pesquisadores e teve como tema principal “Jubileu e Sinodalidade: uma Igreja com rosto e prática mariana”. Dentre os participantes, destacam-se vozes portuguesas que compartilharam experiências e reflexões acerca do papel de Maria na Igreja e na sociedade contemporânea.
A importância da sinodalidade e do serviço da esperança
Durante o Congresso, o Papa enfatizou que a piedade e a prática marianas devem ser orientadas para o “serviço da esperança”, afirmando que esses aspectos podem libertar os fiéis de ideologias prejudiciais, como o fundamentalismo e a superficialidade. “Uma piedade e uma prática marianas orientadas para o serviço da esperança e da consolação” são essenciais para criar um ambiente inclusivo, que promova a paz e a harmonia entre as diversidades.
O Santo Padre também destacou Maria como uma “cooperadora perfeita do Espírito Santo”, cuja presença é fundamental para abrir portas e derrubar muros, favorecendo a convivência pacífica. A temática abordada no Congresso revelou a intenção de promover um estudo mais profundo sobre o papel de Maria na Igreja e na sociedade, especialmente durante o Ano Santo.
O papel da mulher na Igreja
A conferência sobre a liderança feminina, coordenada pelo cardeal Mário Grech, foi um dos pontos altos do evento. O padre Tiago Freitas, participante e repórter do evento, destacou a importância da reinterpretação do papel de Maria, que, longe de ser uma figura passiva, desempenhou um papel ativo dentro da Igreja primitiva. “O lugar da mulher não pode ser passivo porque, quando isso acontece, é quase uma ideologia”, afirmou Freitas.
Durante o congresso, a professora americana Glória Falcão Dodd também ressaltou a importância da sinodalidade na Igreja, afirmando que todos, independentemente de seu papel, devem contribuir para o bem comunitário. Essa mensagem reforçou a ideia de que a liderança feminina deve ser cada vez mais valorizada e reconhecida dentro da Igreja. “Maria nunca roubou os holofotes de Jesus ou dos apóstolos. Cada um tem seu lugar, mas Maria desempenhou um papel fundamental desde o início”, completou Freitas.
Desafios contemporâneos e a necessidade de ousadia
A Irmã Ângela Coelho, vice-postuladora da Causa de Canonização da Irmã Lúcia, acredita que o Congresso trouxe à tona a necessidade de haver mais ousadia na pesquisa e no estudo da mariologia em Portugal. “A devoção a Maria deve ser mais estudada e aprofundada, especialmente considerando sua importância na história de Fátima e na resposta da Igreja aos desafios modernos”, afirmou ela.
O Reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, expressou que o congresso foi crucial para percebermos as dimensões práticas da piedade mariana, além de enfatizar o importante papel que Maria desempenha na renovação da Igreja. “Maria é um modelo de esperança e a dinâmica sinodal que se propõe deve estar centrada na sua figura”, destacou.
Investindo na mariologia em Portugal
Por fim, Marco Daniel Duarte, historiador e diretor do Museu do Santuário de Fátima, fez um chamado para que Portugal invista no estudo da mariologia. “É crucial que os intelectuais no país se debrucem sobre a figura de Maria, que é fundamental na história de Portugal, tanto na antiguidade quanto na contemporaneidade”, enfatizou.
Segundo Duarte, a constituição de grupos de trabalho dedicados à mariologia poderia promover um mergulho profundo nas múltiplas dimensões dessa devoção. O padre Tiago Freitas acentuou que a mariologia deve ser considerada uma ciência teológica séria e que deve ser ensinada de forma adequada nos seminários, prevendo uma transição de uma espiritualidade devocional para um estudo teológico fundamentado sobre Maria.
O Congresso Mariológico Mariano Internacional não apenas promoveu um diálogo necessário sobre a devoção a Maria, mas também destacou a relevância de um olhar contemporâneo sobre o papel da mulher na Igreja, os desafios sociais e a necessidade de uma sinodalidade vibrante e inclusiva dentro da comunidade cristã.
Laudetur Iesus Christus