Neste domingo, movimentos de esquerda e artistas se mobilizaram em uma série de atos em todo o Brasil, criticando o Congresso Nacional pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem. Essa proposta visa dificultar a abertura de ações penais contra parlamentares e inclui um projeto que abrange a redução de penas para aqueles envolvidos nos eventos de 8 de janeiro e na tentativa de golpe. As manifestações, convocadas ao longo da semana por meio das redes sociais por grupos como PSOL e PSB, ocorreram em no mínimo 33 cidades, com um forte apelo popular.
De Brasília a São Paulo: atos em diferentes regiões
Os protestos se desdobraram em várias capitais, incluindo Brasília, Salvador, Belém, Maceió, Natal, Manaus, São Luís e João Pessoa. Em Brasília, os manifestantes se reuniram em frente ao Museu Nacional da República, portando faixas que criticavam a extrema-direita, e acompanharam o movimento até o Congresso. A escolha de palavras como “PEC da Bandidagem” evidenciou a indignação dos participantes. A presença de artistas de renome, como Marina Lima e Chico César, trouxe ainda mais visibilidade aos atos.
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Em Salvador, o ato começou a partir do Cristo da Barra, onde o deputado federal Guilherme Boulos exibiu imagens do movimento enquanto artistas como Daniela Mercury e Wagner Moura discursaram para uma multidão sob o sol quente. Já em Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram na Praça Raul Soares, marchando com cartazes denunciando a PEC da Blindagem e defendendo a democracia. A presença de nomes conhecidos, como Fernanda Takai e Duda Salabert, enriqueceu o ato mineiro.
Ato musical no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a Praia de Copacabana se transformou na sede de um “ato musical”. Artistas renomados como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque foram convocados para atrair o público. A manifestação começou com os artistas no trio elétrico, evitando a presença de políticos na execução do ato. O uso de cores variadas – vermelho, azul e verde – refletia a diversidade de opiniões e a união em torno da resistência à proposta em tramitação no Congresso.
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Caetano Veloso, em um vídeo divulgado recentemente, manifestou sua oposição à PEC da Blindagem, caracterizando-a como um retrocesso. Ele alertou que a sociedade brasileira não pode aceitar tal iniciativa legislativa sem se manifestar. As suas palavras ecoam a mobilização popular que se viu em 1968, na emblemática Passeata dos Cem Mil, reforçando a importância da resistência através da arte e do engajamento social.
Reações do Governo e o contexto das manifestações
Enquanto os protestos se intensificavam, o Palácio do Planalto permaneceu em silêncio sobre o assunto. A aprovação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados na última semana acendeu a chama da indignação nacional. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), responsável por relatar a proposta, já se manifestou contra a PEC, prometendo um voto de rejeição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O ex-ministro petista José Dirceu também se fez presente, aproveitando a oportunidade para compartilhar sua visão crítica sobre a falta de avanço legislativo em relação à justiça fiscal. Sua participação enfatiza a necessidade de um enfoque mais equilibrado nas políticas públicas, que não apenas protejam os parlamentares, mas também considerem as demandas da população.
À medida que as manifestações se espalham, a expectativa é que a mobilização continue a crescer, servindo como um lembrete importante do papel da sociedade civil na defesa da democracia. O contraste entre a aprovação de medidas que favorecem a classe política em detrimento dos interesses do povo é um tema que promete permanecer na pauta nacional.
A presença de artistas e movimentos sociais em conjunto fortalece a mensagem de que a luta pela justiça e pela democracia é uma causa compartilhada, onde cada voz, cada nota e cada manifestação contam.