No último domingo (21), a baixa vazão do Rio Piracicaba resultou na suspensão dos passeios de barco que partem do píer da Rua do Porto, uma situação alarmante tanto para os operadores turísticos quanto para a biodiversidade local. Com a estiagem, a água do rio atingiu uma vazão preocupante, gerando incertezas sobre o futuro das atividades em um dos principais cartões-postais da região.
Impacto da estiagem na navegação
Luís Fernando Magossi, conhecido como Gordo do Barco e operador de passeios há 17 anos, relatou as dificuldades enfrentadas. “Ontem e hoje eu não consegui trabalhar por causa do nível do rio. Mas a preocupação não é só o meu trabalho, é o rio e os peixes que sobraram”, destaca. De acordo com o Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo (Saisp), a vazão do rio em Piracicaba estava em 13,48 metros cúbicos (m³), nível considerado crítico para a navegação.
Magossi explicou que a condição ideal para navegar é uma vazão acima de 20 m³. “Quando o rio baixa de 20, o risco é maior. Em períodos de cheia, pedras do fundo podem se deslocar, e quando a água desce, corremos o risco de colidir com elas, o que pode danificar o motor dos barcos”, afirma. Ele acrescenta que, mesmo com o uso de sonares, a visibilidade do que está submerso continua comprometida.
Consequências para trabalhadores e o meio ambiente
A suspensão dos passeios de barco não afeta apenas a renda dos trabalhadores, mas também levanta questões sobre a saúde do ecossistema aquático. “Estamos em uma situação crítica. Algumas espécies de peixes podem ser prejudicadas, e a baixa vazão afeta a flora e fauna local”, explica Magossi. A situação é um reflexo das condições climáticas adversas enfrentadas pela região, que se encontra 76% abaixo da média histórica de precipitações.
Além disso, a Companhia de Saneamento de Piracicaba (Semae) anunciou que aumentou o uso de cloro no tratamento de água para garantir a qualidade do abastecimento à população. Essa medida é necessária para compensar a baixa oferta hídrica, mas pode ter implicações na saúde pública a longo prazo, levantando preocupações entre os moradores.
Riscos para a segurança dos passageiros
Outro aspecto que Magossi não deixa de mencionar é a segurança dos passageiros. “Eu corro riscos, mas posso lidar com isso. O que me preocupa é a segurança das 10, 12, ou 14 pessoas que estão no barco. Não posso colocá-las em perigo”, relata. A segurança é uma prioridade, e a situação atual do rio intensifica os riscos associados à navegação.
A necessidade de soluções sustentáveis
Essa realidade traz à tona a importância de um debate sobre soluções sustentáveis para a gestão hídrica em Piracicaba e região. Com a mudança climática afetando a disponibilidade de água, é crucial que o poder público e a sociedade civil se mobilizem em busca de alternativas que preservem tanto os empregos gerados pelo turismo quanto a saúde do rio e de seu ecossistema.
A situação é um alerta sobre a urgência de adotarmos medidas que garantam a sustentabilidade em todas as esferas, desde o turismo até a conservação ambiental. Enquanto isso, a equipe de Magossi e outros operadores turísticos continuam na expectativa de que as chuvas retornem e que a beleza do Rio Piracicaba possa voltar a ser a protagonista de inesquecíveis passeios.
Com a estiagem prolongando a crise hídrica, a resiliência e adaptação da comunidade local se tornam mais importantes do que nunca. O desafio agora é encontrar formas de coexistir com as mudanças climáticas, garantindo empregos e protegendo o meio ambiente para as futuras gerações.
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