No último dia 16 de setembro, mais um caso de violência contra um sacerdote foi registrado em Ituri, no leste da República Democrática do Congo (RDC). Este episódio, que se soma a uma série de ataques a instituições religiosas, evidencia a crescente insegurança na região e a luta das autoridades para conter essa onda de criminalidade.
O ataque à escola propedêutica
Na noite entre 15 e 16 de setembro, bandidos armados invadiram a escola de formação propedêutica localizada perto da Cúria episcopal, no bairro de Mudzipela, em Bunia, a capital da província de Ituri. Os criminosos, que estavam munidos de martelos, facas e outras ferramentas, atacaram o segurança do local para forçá-lo a revelar a localização do dinheiro guardado na instituição.
O padre Jean-Deogratias Budjona, diretor espiritual do centro de formação, relatou que o segurança foi torturado, recusando-se a revelar informações sob ameaça de morte. “Enquanto ele gritava, o padre Justin Logo, um dos religiosos presentes, abriu a porta. Ao perceber a presença dos ladrões, tentou fechá-la, mas não teve sucesso. Em meio ao tumulto, os criminosos conseguiram entrar na sala de visitas. O sacerdote tentou escapar para seu quarto, mas foi perseguido e esfaqueado no braço”, detalhou Budjona. Graças ao acionamento do alarme, uma patrulha militar conseguiu intervir, evitando que a situação se agravesse ainda mais.
Crescimento da insegurança em Ituri
Este foi o terceiro assalto à escola propedêutica desde julho, refletindo uma preocupante tendência de ataques a instituições religiosas na região. Outros locais, como igrejas e conventos em Ituri, Lopa, Komanda e Nyakasanza, também foram alvos de bandidos neste ano.
Os episódios de violência mais chocantes incluem o ataque de milicianos da CODECO em 21 de julho contra a Paróquia de São João de Capistrano, em Lopa, e um ataque brutal de islâmicos da ADF na noite entre 26 e 27 de julho, na Paróquia da Beata Maria-Clementina Anuarite, em Komanda, onde cerca de 50 pessoas foram assassinadas e 40 jovens sequestrados. Vale ressaltar também a profanação da igreja vinculada ao centro propedêutico de São Kizito, em Bunia, durante a noite entre 19 e 20 de agosto.
A presença de grupos armados
A província de Ituri enfrenta uma grave crise de segurança, com a atuação de diversos grupos armados que semeiam o caos entre os civis. O banditismo generalizado tem contribuído para a deterioração da segurança, apesar da declaração de estado de sítio em vigor desde maio de 2021, o que deveria garantir um maior controle militar na área.
Embora o atual estado de sítio concede amplos poderes às forças armadas, a situação continua alarmante, e a população local vive em constante medo. Nos últimos quatro anos, as autoridades não conseguiram restaurar a ordem e, por isso, muitos se questionam sobre a eficácia das medidas tomadas para proteger a população e as instituições religiosas.
Como a violência se intensifica e novos relatos de agressões surgem, o clamor por uma resposta mais eficaz e estratégica por parte do governo e das forças de segurança se torna cada vez mais urgente. A proteção das instituições religiosas e dos cidadãos é fundamental para a restauração da paz e da coesão social em uma das regiões mais conflituosas da RDC.
Em tempos de dor e insegurança, é vital que a comunidade internacional também volte seus olhos para a situação da República Democrática do Congo, a fim de buscar soluções que possam contribuir para a estabilização da região e a proteção dos direitos humanos de seus cidadãos.
*Com informações de Agência Fides