Na zona portuária do Rio de Janeiro, existe um local que se revela como um verdadeiro portal: a Spectaculu. Ali, a arte se configura como uma poderosa ferramenta de transformação, onde sonhos encontram espaço para florescer. Fundada há 26 anos pelo cenógrafo Gringo Cardia e pela atriz Marisa Orth, esta escola de formação profissional é voltada para jovens provenientes de comunidades populares e já revelou diversos talentos. Um deles, que hoje brilha nas telinhas, é o ator Jonathan Azevedo.
A trajetória de Jonathan Azevedo
Jonathan chegou à Spectaculu em 2003, com apenas 18 anos, vindo da Cruzada São Sebastião, um conjunto habitacional no Leblon, na zona sul do Rio. Nesse mundo marcado pela violência do tráfico de drogas, Azevedo encontrou na escola um refúgio. “Eu era um sobrevivente. Aqui era o único lugar onde eu estava protegido de tudo. Foi nessa sala que tudo mudou”, relembra emocionado.
Um apoio inesperado
Na época, Jonathan buscava livros e uma chance de se matricular, mas as turmas estavam lotadas. Sua vida tomou um rumo inesperado quando a atriz Camila Pitanga decidiu financiar a entrada de dez novos alunos, incluindo ele. “Ela é minha madrinha até hoje”, afirma, lembrando do impacto positivo que essa ajuda teve em sua vida.
O menino que sonhava em ler tornou-se um artista que escreve sua própria história nos palcos e nas telas. Com o incentivo dos pais, especialmente de sua mãe, Sildeia, Azevedo construiu uma trajetória profissional sólida. “Naquela época ele ganhava R$ 50, me dava R$ 20 e ficava com R$ 30. O primeiro salário de verdade foi quando começou na Globo”, relembra sua mãe com orgulho.
O sucesso e a missão de inspirar
O papel de Sabiá, um traficante na novela “A Força do Querer”, foi um divisor de águas na carreira de Jonathan, que se viu alçado ao sucesso. “Foi ali que ele explodiu”, diz Sildeia. Para Jonathan, entretanto, o sucesso é mais do que uma conquista pessoal; é uma missão. “Se minha luz, por menor que seja, servir para levar alguém para um lugar melhor, é para isso que ela vai trabalhar”, afirma.
A Spectaculu, onde tudo começou, continua a oferecer bolsas mensais, alimentação e formação técnica em áreas como teatro, cinema e televisão. “A gente atrai os jovens pela arte e dá uma profissão. O Criança Esperança foi fundamental para manter essa estrutura”, explica Gringo Cardia, ressaltando a importância da iniciativa para a continuidade do projeto.
Atualmente e no futuro
Hoje, Jonathan Azevedo é um dos representantes mais queridos da Spectaculu e do projeto Criança Esperança. Ele brinca sobre seu papel na iniciativa: “Virei um Criança Esperança ambulante”, mostrando seu carinho e comprometimento com a causa. Ao olhar no espelho, ele vê não apenas o ator de sucesso que se tornou, mas também o menino da Cruzada de São Sebastião que sonhava em ler todos os livros do mundo.
“Eu vivi num mundo que dizia que eu era ruim, mas tive pessoas que me disseram que eu era bom. Jonathan, você é bom!”, reflete, demonstrando gratidão não só pelas oportunidades que teve, mas também pelas pessoas que o apoiaram em sua jornada.
Para entender ainda mais sobre sua trajetória e rever o impacto da arte em sua vida, o público pode conferir a íntegra do programa Globo Repórter, que celebra os 40 anos do Criança Esperança, uma iniciativa que fez a diferença na vida de muitos jovens como Jonathan.
Para assistir ao programa na íntegra, clique no link: Globo Repórter – Criança Esperança 40 anos.