Neste domingo, 21, às 7h30 (horário de Brasília), o Estádio Olímpico de Roma será palco de um dos clássicos mais eletrizantes do futebol mundial: o dérbi da capital entre **Lazio** e **Roma**. Este embate, que faz parte da 4ª rodada da liga nacional, não é apenas outra partida de futebol; é um verdadeiro espetáculo que concentra a atenção dos torcedores e da mídia esportiva, como será transmitido ao vivo pela ESPN e Disney+.
A rivalidade que vai além do futebol
A rivalidade entre Lazio e Roma é uma das mais intensas do mundo, marcada por uma hostilidade que transcende as quatro linhas. Historicamente, essa rivalidade está entrelaçada com questões sociais, econômicas e políticas que permeiam a vida na capital italiana. Para entender essa animosidade, é preciso analisar as divisões geográficas e sociais que moldam as torcidas de ambas as equipes.
Os torcedores da Lazio, conhecidos como “biancocelesti” (azul e branco), frequentam predominantemente áreas mais abastadas do norte da cidade, enquanto a torcida da Roma, os “giallorossi” (vermelho e amarelo), é maioritariamente composta por cidadãos de classe trabalhadora que habitam os subúrbios. Essa distinção se reflete na ocupação das áreas do Estádio Olímpico: a **Curva Nord**, ocupada pelos torcedores da Lazio, é associada a uma classe mais favorecida, enquanto a **Curva Sud**, onde se agrupam os torcedores da Roma, é ligada a uma maior concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Aspectos políticos e ideológicos
Outro fator que amplifica a rivalidade é a relação de cada clube com a política italiana. A Lazio apresenta uma conexão histórica com ideais fascistas, legado que ainda ecoa entre parte de sua torcida, como observado nas reações adversas a contratações de jogadores de origem judia ou africana. Diante dessa postura, a torcida da Roma se posiciona como oposição, reivindicando um espaço que representa a diversidade e a inclusão.
Esse embate ideológico gerou não só confrontos nos estádios, mas também demonstrações que reverberaram pelo mundo. A torcida da Lazio, por exemplo, tem sido punida diversas vezes por atos racistas e manifestações de teor antisemita, como impressões de faixas em momentos tragédias históricas, o que acirrou ainda mais os ânimos entre os clubes.
Preocupações com a violência
A incidência de violência associada a esse clássico é uma preocupação constante para as autoridades. Neste domingo, em particular, o temor é amplificado pela presença de torcidas organizadas estrangeiras que, segundo as autoridades, poderiam agravar os conflitos. O horário da partida, marcado para o almoço, foi escolhido em uma tentativa de reduzir os riscos de confrontos, um reflexo da dificuldade em conter a rivalidade que frequentemente ultrapassa os limites do jogo.
Essa dinâmica mostra como o dérbi entre Lazio e Roma não é apenas uma data no calendário esportivo, mas um evento que encapsula profundas divisões sociais e políticas da sociedade romana. A preparação para este clássico inclui não apenas estratégia de jogo, mas também medidas de segurança que buscam proteger os torcedores e minimizar os riscos de violência.
Um reflexo da sociedade italiana
Por fim, o embate entre Lazio e Roma serve como um microcosmo das complexas relações sociais e políticas que caracterizam o futebol na Itália. A rivalidade expõe como elementos externos ao esporte influenciam a dinâmica dos clubes e de suas torcidas — e como o futebol, muitas vezes visto apenas como um passatempo, é profundamente entrelaçado com questões relevantes da vida cotidiana.
Assim, o próximo clássico promete não apenas um espetáculo esportivo, mas também uma reiteração da luta entre diferentes identidades e valores que continuam a moldar o caráter da cidade de Roma.