O Rio de Janeiro é uma cidade onde a cultura e a tradição se entrelaçam em cada esquina, e seus bares centenários são testemunhas dessa rica história. Conhecidos por seus clientes ilustres e suas histórias pitorescas, esses estabelecimentos não são apenas locais de encontro, mas também repositórios de memórias que remontam a mais de um século de vida boêmia carioca. Neste artigo, vamos explorar três desses bares emblemáticos que resistem ao tempo e continuam a atrair tanto cariocas quanto turistas.
Amarelinho: um ícone da Cinelândia
Localizado na Praça Floriano, o Amarelinho foi inaugurado em 1921 e rapidamente se tornou um ponto de encontro popular. Antigamente conhecido como Café Riviera, o bar ganhou seu apelido devido à cor amarela marcante de sua fachada, que remete ao antigo Convento de Nossa Senhora da Ajuda.
O atual sócio, José Lemos, trabalha no bar desde os 18 anos e traz consigo histórias vividas ao longo das décadas. Aos 89 anos, ele continua a cumprimentar clientes com entusiasmo e dedicação. Para Lemos, o Amarelinho não é apenas um bar, mas sim um lugar repleto de memórias e amizades. “Aqui todo mundo é popular”, afirma ele, destacando a atmosfera acolhedora do local.
O Amarelinho já foi cenário de importantes eventos políticos e artísticos, recebendo figuras como deputados, senadores e artistas famosos. Além disso, a casa possui um mistério: uma passagem subterrânea que liga o antigo convento a um ponto próximo à Praça Mahatma Gandhi, cuja utilidade permanece desconhecida.
Café Lamas: o mais antigo restaurante em funcionamento
Fundado em 1874, o Café Lamas é considerado o restaurante mais antigo do Rio e carrega uma rica história de atendimentos a personalidades ilustres. Situado no Flamengo, Lamas já recebeu figuras como Machado de Assis e Walt Disney. Antigamente, o local funcionava 24 horas e atendia todos os horários, sendo um ponto de encontro constante da boemia carioca.
O proprietário atual, Milton Brito, se orgulha das tradições e do legado do lugar. O Café Lamas é conhecido por suas delícias, incluindo sua famosa canja, que já protagonizou uma cena inusitada quando uma cliente trouxe uma cobra para o jantar. Os clientes gostam de deixar suas marcas, e o bar mantém um caderno com autógrafos de nomes famosos da cultura brasileira.
Nova Capela: tradição da culinária portuguesa
A Nova Capela, fundada em 1903, é outro exemplo de bar centenário que mantém viva a tradição da culinária portuguesa. Localizado na Lapa, o estabelecimento já foi um ponto obrigatório da vida noturna carioca e é conhecido por seu cabrito assado. O gerente, João Carvalho, menciona que clientes de outras cidades, até mesmo de São Paulo, frequentam o local para apreciar suas especialidades.
Desde a sua fundação, a Nova Capela não apenas atendeu zumba boêmios, mas também se tornou um dos locais preferidos de personagens icônicas da história carioca. Com a mudança de endereço na década de 1960, o bar continuou sua trajetória, mantendo a autenticidade e o charme que sempre o caracterizou.
A história desses bares vai muito além das paredes que os cercam; eles são verdadeiros monumentos da cultura carioca. As memórias acumuladas, as histórias contadas e os clientes que continuam a visitá-los são a prova de que, no Rio de Janeiro, a boemia é um modo de vida que nunca envelhece.
Os bares Amarelinho, Café Lamas e Nova Capela são apenas alguns exemplos que demonstram como a tradição e a modernidade podem coexistir, proporcionando aos cariocas e aos visitantes uma imersão na rica cultura do Rio de Janeiro. Portanto, se você estiver na cidade, não deixe de visitar esses lugares que são a alma da boemia carioca e que prometem sempre uma boa história à espera de você.