Os Correios continuam em grave crise financeira e estimam que precisarão de um aporte de R$ 7 bilhões até o fim de 2026 para equilibrar suas contas e conseguir negociar um empréstimo com o setor financeiro. Apesar da situação delicada, o governo mantém resistência à liberação de recursos públicos, alegando que a estatal é dependente e que o Orçamento da União já enfrenta limites gerenciais.
Nova presidência e tentativa de reestruturação
Com a nomeação de Emmanoel Schmidt Rondon para a presidência da estatal, a direção da empresa ganhou fôlego para avançar nas negociações por uma solução sustentável. Rondon substitui Fabiano Silva dos Santos, cujo mandato foi marcado por dificuldades financeiras e gestão contestada, culminando na suspensão de pagamento a fornecedores e aumento do prejuízo no primeiro semestre, que atingiu R$ 4,37 bilhões, mais do que triplicando o resultado do mesmo período de 2024.
Diálogo com o Ministério da Fazenda e resistência ao aporte
A nova direção dos Correios insiste junto ao Ministério da Fazenda por uma ajuda financeira, visto que o respaldo governamental é considerado fundamental para evitar o colapso da estatal. Porém, integrantes da equipe econômica alertam que, caso o governo realize o aporte necessário, os custos de R$ 20 bilhões exprimiriam a dependência da empresa e obrigariam a inclusão desses gastos no Orçamento da União, comprometendo outras políticas públicas.
Debate sobre o papel dos Correios no mundo digital
Aliados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o debate sobre o futuro dos Correios passa por definir a obrigatoriedade de universalização do serviço postal. Segundo eles, a possibilidade de criar obrigações de universalização para outros atores do mercado, deixando os Correios como participante em condições mais equiparadas, está em estudo. Essa mudança, entretanto, enfrenta dificuldades por causa do peso político e das tradicionais interferências no setor.
Mudanças na gestão e perspectivas futuras
Antes da indicação de Rondon, a equipe do governo tentou partir para uma nova gestão para tentar reverter o quadro financeiro da estatal. Além da mudança na presidência, o governo deve trocar indicações em diretorias vinculadas ao União Brasil, que optou por deixar o governo de Lula. A renovação também deve abranger o Postalis e a Postal Saúde, fundos ligados aos Correios, mantendo duas diretoras de perfil técnico na empresa.
Cenário de dificuldades e privatizações temporárias
Desde a gestão de Jair Bolsonaro, quando o setor foi planejado para privatização, as dificuldades financeiras somente se agravaram. O governo Lula mudou o foco, mas os déficits persistem, afetando pagamentos e investimentos, com atrasos recorrentes. O prejuízo acumulado levou à suspensão de serviços internacionais para os EUA, além de outros problemas ligados à competitividade do serviço postal.
No contexto atual, o governo busca alternativas de reestruturação, incluindo troca na gestão, cortes de despesas e discussão sobre o papel dos Correios na matriz de serviços públicos, diante do avanço digital e do crescimento de concorrentes privados.
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