O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta sexta-feira (19) que não acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que começa na próxima segunda-feira (22). Haddad explicou que permanecerá no Brasil em virtude da possível votação do projeto de isenção do Imposto de Renda no Congresso, prevista para a semana que vem.
Decisão relacionada à votação do IR no Congresso
Ao ser questionado por jornalistas, Haddad afirmou que manterá-se no país “em função dessa possibilidade”. “Entendemos que, possivelmente, os líderes se reúnam na Câmara para julgar a conveniência e a oportunidade de levar a pauta à votação na semana que vem. Então, estou ficando por causa disso”, declarou o ministro da Fazenda.
Contexto do embarque de Lula e desentendimentos com os EUA
A viagem de Lula a Nova York ocorre em meio a um embate com o governo dos Estados Unidos, que impôs uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros importados e aplicou sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. O presidente Lula, por sua vez, afirmou em entrevista à BBC que não tem “problema pessoal com Donald Trump” e que, se cruzar com o ex-presidente na ONU, cumprimentará o republicano. “Sou um cidadão civilizado. Eu converso com todo mundo, eu estendo a mão para todo mundo”, declarou.
Ausência do ministro da Saúde na ONU
Outra ausência confirmada na delegação brasileira às Nações Unidas é a do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele desistiu de viajar devido às restrições impostas pelos EUA, que impediram sua participação em eventos na próxima semana. Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Padilha classificou as restrições de circulação como “inaceitáveis” e “uma afronta”.
Projeto de isenção do Imposto de Renda
O projeto que propõe a ampliação da faixa de isenção do IR para até R$ 5 mil está em tramitação na Câmara dos Deputados, após ter sido aprovado em comissão especial e recebendo requerimento de urgência. A proposta, uma promessa de campanha do presidente Lula, altera as regras atuais, que isentam quem ganha até dois salários mínimos, ou seja, R$ 3.036 neste ano.
Impactos econômicos da proposta
Segundo cálculos do diretor tributário da Confirp Contabilidade, Welinton Mota, quem ganha R$ 5 mil deixará de pagar cerca de R$ 313 de IR por mês, o que equivale a uma economia de aproximadamente R$ 4.067 ao longo de um ano, incluindo o décimo terceiro salário. Se aprovada, a medida beneficiará cerca de 10 milhões de contribuintes em 2026, e o Ministério da Fazenda estima que mais de 26 milhões de declarantes, ou 65% dos contribuintes, estarão isentos do IR.
Perspectivas e próximos passos
A expectativa é que o projeto seja votado ainda na próxima semana no plenário da Câmara, coincidindo com o período de deslocamento de Lula para Nova York. A aprovação do aumento na faixa de isenção deverá afetar significativamente a arrecadação, mas também aliviará a carga tributária de milhões de brasileiros em ano eleitoral.