No último dia 19 de setembro, a alta representante para Política Externa e Segurança da União Europeia, Kaja Kallas, esteve no Brasil para discutir a cooperação entre o bloco europeu e o país. Este encontro teve como foco principal o acordo econômico UE-Mercosul, que se encontra na fase final de negociações após longos 25 anos. A reunião ocorreu em Brasília, onde Kallas foi recebida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Itamaraty.
Acordo UE-Mercosul em pauta
Durante a reunião a portas fechadas, os ministros discutiram pormenores sobre o acordo econômico, elaborado para fomentar o comércio e a troca de produtos entre a União Europeia e o Mercosul, que é o bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. De acordo com Vieira, as expectativas são altas, com previsões de que o acordo seja formalmente assinado até o final do ano, durante a cúpula do Mercosul no Brasil, agendada para novembro deste ano.
Atualmente, o texto do pacto está sendo analisado pelo Parlamento Europeu e passou por um processo de tradução para as línguas dos países que compõem a União Europeia. Kallas se mostrou otimista durante uma entrevista no Itamaraty, mencionando que “somos 27 democracias [na UE] e há diferentes grupos. As discussões estão acontecendo, e esperamos que ocorra tudo bem”.
Uma das principais propostas do acordo inclui a eliminação progressiva de tributos sobre o comércio, que poderá beneficiar até 92% das exportações entre as nações envolvidas. Essa redução tributária é vista como um passo significativo para os países do Mercosul, que buscam ampliar suas relações comerciais com a Europa.
Relações bilaterais em ascensão
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a receber a alta representante para Política Externa e Segurança da União Europeia, um movimento interpretado por Mauro Vieira como um forte sinal do avanço das relações bilaterais entre Brasil e UE. A expectativa é que a assinatura do acordo traga um novo impulso na parceria, beneficiando tanto os países europeus quanto os sul-americanos.
Tensões internacionais e segurança europeia
Curiosamente, a visita de Kallas ao Brasil coincidiu com um momento de crescentes tensões entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No mesmo dia, a Estônia, um dos membros da aliança militar, acusou a Rússia de violar seu espaço aéreo com caças MiG-31, evidenciando as crescentes preocupações de segurança na região.
Kallas expressou preocupação em relação a essas ações, afirmando que Vladimir Putin parece estar “testando até onde pode ir”. Ela destacou que esses incidentes não são isolados, já que outros países da Otan, como Polônia e Romênia, também relataram violações recentes. “É claro que, do nosso lado, vemos que não devemos demonstrar fraqueza, porque a fraqueza é algo que convida a Rússia a fazer mais”, alertou.
Em um tom firme, Kallas afirmou que a resposta dos países europeus deve ser a solidariedade e a busca por soluções pacíficas. A representante da UE se comprometeu a pressionar a Rússia para que participe de negociações que possam restaurar a paz na região, enfatizando a necessidade de unidade e força entre as nações da Europa.
À medida que as negociações para o acordo econômico entre a UE e o Mercosul avançam, o Brasil busca não apenas fortalecer sua posição econômica mas também se alinhar a uma agenda mais ampla de segurança e cooperação internacional.
Com a expectativa de que este avanço gere um impacto real nas exportações e na integração comercial, a visita de Kaja Kallas ao Brasil abre novos caminhos na colaboração entre a Europa e a América do Sul.
“Portanto, nossa resposta é pressionar mais para que a Rússia queira a paz e venha à mesa de negociações para discutir isso”, concluiu Kallas.