A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou nesta sexta-feira uma reunião com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e distribuidoras para debater medidas de controle sobre a crescente geração distribuída de energia, especialmente por painéis solares em residências e empresas. A disputa ocorre em meio a uma onda de cortes na produção de energia solar e eólica, que ameaçam a estabilidade do sistema elétrico brasileiro.
Desafios no controle da geração distribuída
Segundo nota da Aneel, o ONS identificou nos dias 4 de maio e 10 de agosto de 2025 que a elevada quantidade de micro e minigeração distribuída pode gerar instabilidades na rede elétrica. A dificuldade está no controle da frequência e da tensão do sistema, pois atualmente o operador não consegue regular a quantidade de energia que essas fontes injetam na rede nacional.
Impactos dos cortes de energia renovável
O aumento dos cortes na geração centralizada de energia, especialmente em usinas solares e eólicas, foi um dos principais temas discutidos. Em agosto, esses cortes atingiram 26,4% do total produzido pelas fontes renováveis, conforme dados do Itaú BBA. Esse fenômeno, conhecido internacionalmente como curtailment, ocorre principalmente em momentos de alta incidência de sol e vento, quando a produção excede a demanda e o sistema não possui linhas de transmissão suficientes para escoar toda a energia gerada.
Durante o último Dia dos Pais, em 10 de agosto, o sistema enfrentou uma situação crítica entre 11h e 14h, com cortes de até 93% na energia gerada por fontes renováveis, devido ao excesso de produção aliado à falta de linhas de transmissão adequadas. Nesse período, o operador reduziu a produção de hidrelétricas e termelétricas para evitar sobrecarga na rede.
Medidas para viabilizar o controle
Na reunião, foram discutidas estratégias para estabelecer procedimentos operacionais e de comunicação entre ONS, distribuidoras e agentes do setor. A meta é criar mecanismos que permitam um melhor gerenciamento da geração distribuída, contribuindo para a estabilidade do sistema elétrico e evitando novas interrupções de grande escala.
Impactos futuros e perspectivas
Especialistas apontam que o aumento da geração solar em telhados e pequenos sistemas distribuidos exige soluções robustas de controle de fluxo de energia. A Aneel reconhece que esse é um desafio central para a transição energética brasileira, que busca ampliar o uso de fontes renováveis sem comprometer a estabilidade do sistema.
A expectativa é que novas regulamentações e procedimentos sejam implementados nos próximos meses, possibilitando uma operação mais segura e eficiente num cenário de crescimento contínuo da geração distribuída.
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