O cenário político brasileiro se agitou nas últimas horas com o encontro do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade) e figuras notórias como o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Aécio Neves (PSDB). A conversa, realizada na noite de quinta-feira, 18, em São Paulo, revelou movimentações sutis em torno do PL da Anistia, que Paulinho relatou sob a presidência de Hugo Motta (Republicanos). Participações remotas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, acenderam ainda mais o debate, causando revolta entre bolsonaristas que rapidamente reacenderam críticas e relembraram investigações passadas.
Reação do bolsonarismo e dilemas no governo de SP
A reunião gerou um verdadeiro dilema para o governo de Tarcísio de Freitas, que se viu pressionado a se posicionar sobre a proposta. Paulinho expressou publicamente a necessidade de um posicionamento do governador quanto ao projeto, que foi renomeado de “PL da Dosimetria”. A mudança de nomenclatura indicou um foco menos indulgente, descartando a ideia de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” que poderia beneficiar Jair Bolsonaro, atualmente em conflito com a Justiça.
Em busca de diálogo, Paulinho revelou em entrevista ao GLOBO que havia tentado contatar Tarcísio para discutir o assunto, mas não obteve resposta, afirmando: “Estou aguardando uma posição.” Interlocutores do governador, no entanto, alegam que ele está hesitante e mais inclinado a manter seu foco em reuniões internas, revelando um cansaço com as demandas incessantes relacionadas ao tema.
A controvérsia envolvendo o PL da Anistia
No centro da controvérsia, a expectativa de que uma proposta de anistia a Bolsonaro possa ser recebida nas instâncias governamentais e legislativas é considerada baixa. Fontes do Centrão acreditam que tais tentativas não apenas serão rejeitadas, mas provavelmente consideradas inconstitucionais pelo STF. Uma liderança política direta no PL (Partido Liberal) já prediz que “o máximo que vai sobrar para o Bolsonaro é uma prisão domiciliar,” enfatizando que as expectativas da base bolsonarista precisam ser reavaliadas.
Parlamentares também demonstraram divergências sobre como proceder. O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) fez questão de reafirmar a necessidade de Paulinho se alinhar à proposta de “anistia ampla” que o PL e seus aliados estão articulando, insistindo que não aceitarão um projeto que não siga essa linha. Bove deixou claro que Tarcísio deve procurar Paulinho para discutir os contornos da proposta, sob pena de o relator perder a confiança do partido.
Por outro lado, a deputada Rosana Vale (PL-SP) preferiu adotar uma postura cautelosa, sugerindo que a análise do relatório final poderia trazer novas perspectivas: “Acho precipitado falar contra agora. Vamos ver o que ele vai apresentar de relatório.”
Reações e apostas na política brasileira
Em um vídeo recente, Michel Temer defendeu a necessidade de um “pacto republicano” para discutir a revisão das penas dos condenados por atos relacionados ao golpe de estado, sugerindo que os ministros do STF garantiriam que a proposta não seria desfeita. Aécio Neves, por sua vez, informou em entrevista que vê espaço para a possibilidade de uma redução de pena para Bolsonaro, alinhando-se com o que alguns consideram uma tendência de maior desprendimento no STF sobre o tema.
Enquanto isso, Tarcísio tem se mantido em uma postura discreta desde o início dessas articulações, mesmo após ter atuado ativamente em favor da proposta de anistia em Brasília. Recentemente, afirmou que “o que tinha que ser feito foi feito” ao se referir às negociações que culminaram na aprovação da urgência do PL na Câmara.
Contexto histórico e futuro da anistia
A trajetória política de Tarcísio também coloca em evidência seus laços com o passado recente no governo de Bolsonaro, onde ele capitaneou a proposta de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Porém, sua postura agora reflete um processo de amadurecimento e cautela que não pode ser ignorado. Com essas tensões no ar, a questão da anistia se transforma em uma verdadeira prova de fogo tanto para Paulinho quanto para Tarcísio, o que pode resultar em desdobramentos significativos nas próximas semanas.
À medida que o ambiente político continua a se transformar, a intersecção entre interesses pessoais e coletivos promete aquecer ainda mais o cenário eleitoral para 2026.
As movimentações políticas em torno do PL da Anistia permanecem complexas e voláteis, e a atenção do público e dos analistas estará voltada para os próximos passos desse embate no coração da política brasileira.