Brasil, 19 de setembro de 2025
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Tarifaço e clima pressionam preço do café até 2026

Apesar de uma breve queda, o preço do café pode subir novamente até a próxima safra em 2026, devido a tarifa, clima e quebra de safra

O preço do café, uma das principais commodities do Brasil, pode registrar novas altas até julho de 2026, impulsionado por tarifas elevadas, condições climáticas e quebras de safra, segundo Márcio Candido Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Os valores já aumentaram 22% em setembro, recuperando parte das quedas recentes, conforme dados do Índice de Preços do Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Impacto da tarifa e clima na cotação do café

Desde o início da cobrança de uma sobretaxa de 50% sobre o café importado do Brasil pelos Estados Unidos, em 6 de agosto, a cotação do arábica nas bolsas de Nova York e Londres disparou, com alta de 48% e 49%, respectivamente. Esta movimentação é resultado da procura por alternativas ao café brasileiro por importadores americanos, além da redução de sobras de produção global, afetada por quebras ocorridas na safra brasileira, vietnamita, indonésia, na América Central e na Colômbia.

Fatores que elevam os preços do café

Segundo Ferreira, a combinação de tarifa, clima adverso e quebra de safra aumenta a pressão sobre os preços internacionais, gerando uma volatilidade que deve perdurar até a próxima colheita. A recente alta ocorre em um momento de ajustamento das bolsas, que, apesar das chuvas nas regiões de produção de arábica, ainda permanecem 26% acima dos valores antes do tarifão em Nova York e 23% em Londres. No Brasil, o conilon teve alta de 40%, enquanto o arábica subiu 30%.

O presidente do Cecafé explicou ainda que a relação de negociação do café é feita com base na cotação da bolsa acrescida de ágio ou deságio, e que o aumento no ágio de países como Colômbia, América Central e Vietnã elevou os preços globalmente. Ferreira destacou que o tarifão, embora alto para importadores, estimulou uma reação de compra de grãos de outros fornecedores, o que reforçou a valorização da commodity.

Perspectivas para o setor e o papel da sustentabilidade

Apesar do cenário de alta, as chuvas recentes nas principais regiões de produção de arábica sugerem uma possível redução do impacto negativo no longo prazo. Ainda assim, o mercado avalia uma perda de rendimento entre 5% e 10% na safra atual, o que representa uma diminuição de até 4 milhões de sacas na produção total.

Ferreira ressaltou a importância de debater também os aspectos sociais e ambientais do setor, destacando que o Brasil é responsável por uma das maiores proporções do valor FOB exportado, entre 91% e 95%, dependendo do produto. Ele enfatizou que a sustentabilidade do setor só é viável com remuneração justa aos produtores, que atualmente recebem entre 93% e 95% do valor bruto das exportações.

Consequências para os demais setores econômicos

Enquanto o momento favorece os produtores, outros elos da cadeia, como comerciantes e consumidores, enfrentam dificuldades com o aumento dos preços e a inflação. Além disso, as maiores indenizações em seguro de crédito, que subiram 220% no primeiro semestre, refletem a maior vulnerabilidade do setor diante de riscos climáticos e de mercado.

A expectativa de continuidade na alta do café permanece atrelada às condições climáticas futuras e ao volume de chuvas, que podem afetar a próxima safra e o rendimento dos grãos, influenciando ainda mais os preços internacionais nas bolsas globais, como Nova York e Londres.

Para mais detalhes, confira a análise completa em este link.

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