Durante uma conferência realizada em Genebra, na Suíça, o cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, enfatizou a urgência de acabar com a guerra como um compromisso fundamental da humanidade. Sua mensagem, transmitida por vídeo no evento que celebrou o centenário do padre Oreste Benzi, destacou que a frase “A humanidade deve pôr fim à guerra ou a guerra porá fim à humanidade” é um chamado à ação urgente.
A luta pela paz e a defesa dos direitos humanos
O cardeal Zuppi fez suas observações durante a conferência intitulada “Basta de Guerras! Construir a paz por meio dos direitos humanos, do desenvolvimento e da solidariedade internacional”, que ocorre no marco da 60ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ele mencionou que a abolição da guerra é um aspecto intrínseco à missão das Nações Unidas, ressaltando que este ideal, embora nobre, requer um renovado esforço para se tornar uma realidade.
Em suas palavras, a situação atual do mundo, onde a “terceira guerra mundial em pedaços” descrita pelo Papa Francisco prevalece, exige um compromisso real com a paz. Zuppi citou passagens de discursos históricos, como o de Paulo VI, que definia a ONU como “o caminho obrigatório da civilização moderna”. A influência desse discurso é palpável, especialmente considerando que o atual contexto internacional é marcado pela instabilidade e pela ameaça constante de conflitos.
A dignidade humana como prioridade
Outro orador na conferência, dom Ettore Balestrero, observador permanente da Santa Sé junto às instituições da ONU em Genebra, ressaltou a responsabilidade coletiva de cuidar dos mais vulneráveis. Ele destacou que o atual Jubileu se concentra na temática dos “peregrinos de esperança” e que a mensagem do padre Oreste Benzi ressoa fortemente nesse contexto.
Balestrero abordou como, diante de um ambiente repleto de incertezas e conflitos, o princípio do bem comum deve se traduzir em solidariedade e ações concretas em favor dos pobres e marginalizados. Ele lembrou que a paz não é apenas a ausência de guerra, mas sim um compromisso contínuo com o respeito à dignidade humana.
Organizando a paz ao invés da guerra
Na conferência, também foram ouvidos testemunhos de voluntários envolvidos em iniciativas de paz, como a Operação Pomba, que demonstra como é possível criar um ambiente de cooperação ao invés da violência. O presidente da Comunidade Papa João XXIII, Matteo Fadda, destacou a necessidade de se “organizar a paz”, fazendo eco à crença de Benzi de que a humanidade deve mudar o foco de organizar guerras para construir sociedades pacíficas.
A urgência de um multilateralismo ético
Por fim, Stefano Zamagni, professor de economia, enfatizou a importância de um “multilateralismo ético” para garantir um futuro pacífico. Ele fez uma distinção entre o multipolarismo atual, que é fundamentado no poder, e o multilateralismo baseado em regras, que é essencial para a diplomacia. Zamagni alertou que, sem um compromisso ético, o multipolarismo pode levar a mais conflitos e caos global. Sua proposta inclui iniciativas concretas, como a criação de Ministérios da Paz e a promoção de uma cultura de paz.
Assim, a mensagem do cardeal Zuppi e dos outros oradores na conferência ressoa com um apelo universal para que a sociedade se una em um esforço coletivo para abolir a guerra e buscar um futuro onde a paz e os direitos humanos prevaleçam. A esperança é que, por meio da solidariedade e da ação conjunta, a humanidade consiga transformar seu legado de violência em um de harmonia e respeito mútuo.