Brasil, 19 de setembro de 2025
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PEC da blindagem pode favorecer corrupção nas emendas parlamentares

A proposta de emenda à Constituição pode dificultar a responsabilização de parlamentares, aumentando a possibilidade de corrupção.

A recente proposta de emenda à Constituição (PEC) conhecida como “PEC da Blindagem” tem gerado intensos debates sobre a sua potencial influência na corrupção no Brasil. A proposta estabelece que ações criminais contra deputados e senadores só poderão ser abertas com autorização do Parlamento, o que levanta sérias preocupações sobre a transparência e a responsabilização no uso das emendas parlamentares. Especialistas e organizações que lutam contra a corrupção alertam que essa medida pode criar um ambiente propício para irregularidades, especialmente considerando o vasto montante destinado a emendas parlamentares, que, em 2025, supera os R$ 50 bilhões.

Aumento da impunidade e fragilização da transparência

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) foi um dos primeiros a se manifestar contra a aprovação da PEC, ressaltando que a proposta fortalece a impunidade e fragiliza a transparência. O diretor do MCCE, Luciano Santos, destacou que o aumento dos recursos destinados às emendas parlamentares facilitou o crescimento da corrupção no país. Segundo ele, o controle e a rastreabilidade desses recursos precisam ser aprimorados, pois a atual situação já demonstra um cenário complicado, com diversas investigações em andamento.

“Temos clareza de que se está buscando exatamente uma blindagem por conta dessas investigações sobre as emendas. Não faz o menor sentido fazer essa blindagem dos políticos, especialmente sabendo que existem diversas investigações em curso”, disse Luciano.

A falta de controle e a dificuldade de transparência já têm sido motivos de ações por parte da Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal, que investigam casos de corrupção relacionados a emendas. Para Luciano Santos, é crucial que haja uma resposta efetiva do Judiciário para que o Congresso e o Executivo adotem medidas de prevenção a desvios.

Consequências da PEC para a gestão pública

A PEC, segundo Bruno Bondarovsky, coordenador da Central das Emendas, pode inviabilizar a aplicação eficiente dos recursos públicos oriundos das emendas. Com um sistema já limitado pela falta de transparência, a proposta pode aprofundar ainda mais os problemas existentes.

“Se as investigações de corrupção ficarem limitadas, essas emendas serão um ralo que pode inviabilizar o país”, alertou Bondarovsky.

No cenário atual, o ministro do STF, Flávio Dino, também tem desempenhado um papel ativo no combate à corrupção, ordenando a investigação de 964 emendas individuais que somam R$ 694 milhões. A controladoria-geral da União (CGU) relata que a auditoria em diversas cidades revelou irregularidades, o que reforça ainda mais a necessidade de maior controle sobre as emendas parlamentares.

Defensores da PEC e a proteção do Parlamento

Por outro lado, os defensores da PEC argumentam que a proposta é fundamental para proteger a atuação parlamentar de eventuais abusos do Judiciário e de perseguições políticas. O relator da PEC na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), nega a alegação de que essa proposta limita as ações criminais contra parlamentares, afirmando que se trata de um “escudo protetivo” para a defesa do mandato. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também defendeu que o Congresso Nacional não barraria investigações contra aqueles que cometem crimes.

“Quem cometer crime vai pagar, uai. É simples assim, a gente vota e a gente mostra que essa casa é contra criminoso”, afirmou Nikolas.

Entretanto, Luciano Santos, do MCCE, refuta essa defesa, lembrando que, quando a autorização para investigações era necessária, a maioria das solicitações foi barrada, gerando um ambiente de autoproteção entre os parlamentares.

Resumo da situação atual

A PEC da Blindagem levanta debates intensos sobre a corrupção nas emendas parlamentares no Brasil. Por um lado, críticos apontam que a proposta pode provocar um aumento da impunidade e dificultar a transparência. Por outro, defensores afirmam que é uma forma de proteger a atuação política contra perseguições. Diante desse impasse, a sociedade civil e as organizações de combate à corrupção continuam atentas, defendendo a urgência de um sistema mais transparente e que responsabilize os envolvidos nas decisões financeiras do governo.

A discussão sobre a PEC e suas implicações segue em andamento, com a expectativa de que a pressão pública e o acompanhamento das investigações contribuam para a proteção do dinheiro público e a integridade do sistema político brasileiro.

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