Na quinta-feira, 18 de setembro, o União Brasil emitiu um ultimato para seus filiados deixarem o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em até 24 horas. A decisão gerou incertezas sobre o futuro do ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), cujo futuro será definido ainda nesta sexta-feira, 19 de setembro.
A determinação do partido ocorreu após a coluna de Andreza Matais, no Metrópoles, revelar que o presidente da sigla, Antonio Rueda, foi mencionado nas investigações da Operação Carbono Oculto. Esta operação investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores financeiros e de combustíveis.
De acordo com a Polícia Federal (PF), Rueda seria proprietário de aeronaves utilizadas em um esquema de lavagem de dinheiro supostamente ligado à facção criminosa. Embora Rueda tenha negado veementemente as acusações, atribuindo-as a uma armação de adversários políticos, a Executiva Nacional do União decidiu antecipar a saída do governo Lula, o que originalmente estava previsto para o final do mês. Assim, os filiados devem entregar os cargos no Executivo até a tarde desta sexta-feira.
A ação do partido impacta diretamente Celso Sabino, o último ministro filiado ao União ainda no governo. O prazo dado pela sigla demonstra que já não há mais espaço para uma convivência harmônica com o governo Lula.
Apesar dessa pressão, a situação de Celso Sabino é mais complexa devido aos seus vínculos com os projetos da 30ª Conferência das Partes (COP30), que está agendada para novembro em Belém (PA). Este evento internacional é uma oportunidade para o Brasil se posicionar globalmente em questões de clima e sustentabilidade.
A importância da COP30
A COP, Conferência das Partes, é um encontro anual da ONU onde quase todos os países do mundo negociam ações para enfrentar a crise climática. O evento surgiu após a Rio-92, quando a comunidade internacional reconheceu que os países desenvolvidos eram os maiores responsáveis pelas emissões e deveriam liderar os cortes.
Entre os marcos importantes da COP estão o Protocolo de Kyoto, de 1997, que estabeleceu as primeiras metas obrigatórias de redução de emissões para países ricos, e o Acordo de Paris, de 2015, que introduziu planos climáticos nacionais que devem ser atualizados a cada cinco anos, com o objetivo de conter o aumento da temperatura global a 1,5°C.
A COP30 em Belém será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro e contará com a presença de chefes de Estado, mencionando a definição de novas metas climáticas. O governo do Pará é liderado por Helder Barbalho (MDB), um aliado próximo de Lula, e ele pode se beneficiar da relação política durante a COP, já que busca consolidar sua imagem para uma possível candidatura em 2026.
Com a COP30 se aproximando, o evento se torna um grande vitrine para o governo Lula, permitindo demonstrar ao mundo como é possível equilibrar a preservação da Amazônia com o desenvolvimento econômico.
Conforme apurações feitas pelo Metrópoles, existe a perspectiva de que Celso Sabino mantenha seu cargo, caso decida permanecer no governo. No entanto, ainda é incerta a estratégia que será empregada para garantir a continuidade do ministro em meio a essas turbulências. Uma possibilidade já discutida incluiria uma licença temporária de Sabino do União.
Com o clima político se intensificando e o futuro de um dos principais ministros do governo em jogo, o desenrolar dessa situação promete ser acompanhado de perto por analistas e eleitores, sendo um reflexo das complexidades dentro da atual administração federal.
O desfecho dessa situação promete impactar não apenas o governo Lula, mas também o andamento das negociações e compromissos assumidos internacionalmente na luta contra as mudanças climáticas.
