No cenário das investigações da Polícia Federal sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o empresário Milton Salvador de Almeida Júnior, acusado de ser um dos sócios do lobista conhecido como “Careca do INSS”, foi enfático ao negar qualquer vínculo com ele. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) na noite de quinta-feira (18), Milton afirmou categoricamente que não possui ligação alguma com o lobista.
O depoimento de Milton Salvador
Durante sua manifestação na CPMI, Milton relatou sua experiência profissional. “Não sou, nunca fui e jamais serei [sócio do Careca]. Sou prestador de serviços. Ele contratou minha empresa para prestar serviços à empresa dele. Jamais fui sócio de qualquer das empresas do Careca do INSS”, disse o empresário aos parlamentares presentes.
Essas declarações acontecem em meio a um contexto de investigação que já resultou em desdobramentos significativos, como a abertura de inquéritos pela Polícia Federal e investigações por parte da Controladoria-Geral da União (CGU). O escândalo envolvendo descontos indevidos de aposentados e pensionistas no INSS foi exposto pelo portal Metrópoles, que, em uma série de reportagens desde dezembro de 2023, revelou como a arrecadação das entidades com descontos de mensalidades havia aumentado drasticamente, totalizando R$ 2 bilhões em um ano, apesar de diversas associações enfrentarem processos por fraudes nas filiações de segurados.
Contexto das investigações do INSS
A série de reportagens do Metrópoles foi fundamental para que a Polícia Federal desse andamento às suas investigações. A representação que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril deste ano, incluiu 38 matérias do portal como evidência. Essa operação culminou na demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, destacando a gravidade da situação.
Em seu depoimento, Milton também afirmou que, em nenhum momento durante sua atuação nas empresas, manuseou dinheiro em espécie ou teve qualquer contato com políticos ligados ao lobista Careca. Ele enfatizou que, apesar de trabalhar com o Careca, seu contrato previa o recebimento de R$ 60 mil mensais, sem qualquer menção a dividendos ou participação em lucros.
Expectativas futuras
O andamento da CPMI e das investigações é aguardado com expectativa por parte da sociedade, especialmente pelos aposentados que se sentem prejudicados por eventuais fraudes. A continuidade dos depoimentos e das apurações promete trazer à luz novos desdobramentos sobre casos de corrupção e irregularidades no sistema previdenciário brasileiro.
Como se desenrola essa trama complexa envolvendo o INSS, os aposentados e os atores políticos continuará a ser um foco de atenção, já que as repercussões podem afetar diretamente a confiança da população no sistema previdenciário. O comprometimento de todos os envolvidos, incluindo os empresários e lobistas, será crucial para um desfecho que possa restaurar a confiança dos brasileiros nas instituições públicas.
As investigações ainda estão em andamento, e o compromisso dos órgãos competentes será fundamental para assegurar que todas as irregularidades sejam devidamente apuradas e que as penalidades cabíveis sejam aplicadas aos responsáveis.