Nos próximos dias, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) se dedicará intensamente à relatoria da proposta de anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado. O parlamentar, escolhido nesta quinta-feira (18/9) para essa função, revelou em entrevista ao Metrópoles que iniciará uma série de reuniões com personagens influentes da política brasileira, incluindo o ex-presidente Michel Temer (MDB).
A importância das conversas políticas
Durante sua conversa com o ex-presidente, Paulinho comentou sobre o valor da experiência de Temer, descrevendo-o como “um dos melhores juristas do Brasil”. O deputado já solicitou encontros com várias figuras-chave, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que teve um papel de destaque nas discussões sobre a anistia. “Quero ver o que ele pode colaborar com o texto”, disse.
Até segunda-feira (22/9), Paulinho planeja passar pelo Rio de Janeiro para se reunir com o governador Cláudio Castro (PL) e irá a Brasília para diálogos com o líder do governo na Câmara, Odair Cunha (PT-MG). Além disso, pretende dialogar com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Desafios e resistências no caminho da anistia
Paulinho da Força não esconde os desafios que a proposta enfrentará, especialmente considerando a resistência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que se tornou um obstáculo significativo para a anistia. Alcolumbre tem se mostrado cauteloso em relação a possíveis conflitos com o Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por organização criminosa e tentativa de golpe de Estado.
Paulinho se mostra consciente da delicadeza da situação, deixando claro que sua intenção é redigir um relatório que não preveja anistia para Bolsonaro e seus aliados mais próximos. Sua proposta se concentra em reduzir penas apenas para os condenados envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro de 2023.
“Não tem outro caminho, me parece. Estive com Alcolumbre na semana passada, e conversamos bastante sobre isso. O ideal é agradar os dois lados. Acho que sim [há chances de pautar o projeto no Senado] se o caminho for o da redução”, afirmou o relator.
Um diálogo constante com os envolvidos
Paulinho tem mantido uma comunicação ativa com diversas lideranças, incluindo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). Em suas conversas, o deputado ressaltou que ainda precisa conversar com muitos outros líderes e que está aberto a contribuições.
“Vou falar ainda com muita gente”, garantiu, demonstrando a disposição de se manter inclusivo nas discussões que possam levar a uma resolução do impasse em relação à anistia.
Cenário complexo para a oposição
Paulinho também comentou que o projeto do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que funcionaria como base para a votação, “não tem condição de ser aplicado”. O relator expressou que as conversas em andamento indicam que os bolsonaristas reconhecem a dificuldade de aprovar uma versão ampla da anistia.
“Mesmo o perdão proposto pelo Crivella, na verdade, foi só uma base para a urgência, ele não tem condição de ser aplicado”, explicou Paulinho.
Apesar das barreiras, o deputado segue firme em sua determinação de negociar e dialogar com todas as partes envolvidas, buscando um caminho que satisfaça tanto os apoiadores quanto os opositores da proposta. Enquanto isso, o Brasil aguarda ansiosamente os desdobramentos dessas reuniões e a possível luta pela anistia.