Uma nova decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) repercute fortemente no cenário político brasileiro. O ministro Flávio Dino, em publicação nesta quinta-feira (18/09), determinou que a atuação de um parlamentar exige presença física e não pode ser exercida de forma remota permanentemente. A deliberação faz parte de um processo que envolve o ex-deputado Chiquinho Brazão, mas muitos interpretam a declaração como uma crítica velada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.
A importância da presença física no exercício parlamentar
No despacho, Flávio Dino enfatizou que a função de representação popular é incompatível com a ausência duradoura do território nacional. Segundo ele,
“A presença física é a regra, não se podendo amesquinhar a função parlamentar. Exceções ao trabalho presencial devem ser episódicas, motivadas e devidamente regradas. Detentores de altas funções estatais têm deveres constitucionais rigorosos.”
Esta declaração surge em um momento crítico, já que Eduardo Bolsonaro não comparece a sessões da Câmara desde julho, após o término de seu período de licença parlamentar. A sua longa permanência no exterior levanta preocupações sobre a continuidade de seu mandato, visto que, conforme as regras da Casa, um deputado pode ter seu cargo questionado após acumular 120 faltas sem justificativas.
Implicações para Eduardo Bolsonaro
A menção clara à necessidade de presença física trouxe à tona o debate sobre a situação de Eduardo Bolsonaro. Desde julho, o deputado não retorna ao país e corre o risco de acumular faltas que podem levar a um processo de cassação.
Para contornar essa situação, o PL (Partido Liberal) nomeou Eduardo na última terça-feira (16/09) como líder da Minoria na Câmara, após a renúncia da deputada Caroline de Toni (PL-SC) à função. Com essa nova função, Eduardo ganha uma proteção regimental: desde 2015, líderes e vice-líderes podem ter ausências abonadas, mesmo que estejam no exterior. Essa manobra diminui as chances de que ele ultrapasse o limite de faltas e enfrente um processo de cassação.
O contexto político e a liderança de Eduardo
A decisão de renunciar à liderança por Caroline de Toni foi justificada por ela como um fortalecimento da oposição, destacando também as alegadas perseguições políticas que Eduardo e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teriam enfrentado. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que a alteração de liderança já foi comunicada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), algo que Motta se apressou em negar.
A presença de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Eduardo Bolsonaro, que anunciou sua mudança para os Estados Unidos em 18 de março, afirmou que sua estadia no país tem dois objetivos principais: buscar apoio do ex-presidente Donald Trump em favor da anistia para aqueles investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e pressionar por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A decisão do STF e os desdobramentos em torno da presença física de parlamentares no exercício de suas funções apontam para um embate significativo entre as exigências legais e a realidade política dos representantes eleitos. Enquanto isso, a situação de Eduardo Bolsonaro continua a atrair a atenção dos meios de comunicação e do público, deixando em aberto o futuro de sua liderança e de seu mandato.
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