A situação de violência na República Democrática do Congo permanece alarmante, com recentes acontecimentos na região de Ntoyo, Kivu do Norte, que resultaram em 89 mortes e mais deslocamentos de civis. O ataque, atribuído ao grupo armado ADF (Forças Democráticas Aliadas), tem gerado uma onda de luto e insegurança, conforme relatou Justin Muhindo Masinda, presidente da associação local “Família Missionária sem Fronteiras”. Ele destacou que “a violência não para, continua ininterrupta desde 2014, quase todos os dias”.
A devastação em Ntoyo
Na noite de 8 para 9 de setembro, a aldeia de Ntoyo, habitada majoritariamente por católicos e protestantes, foi o cenário de um ataque brutal que interrompeu uma vigília fúnebre. Segundo o bispo Melchisédech Sikuli Paluku, da diocese de Butembo-Beni, a ação foi mais uma “carnificina”, onde homens armados, vindos da floresta, atacaram a população indefesa. O resultado foi devastador: 89 mortos, além de uma destruição massiva de veículos e casas incendiadas.
O grupo ADF, originário de Uganda e que se aliou ao autodenominado Estado Islâmico (EI), é uma das várias facções armadas operando na região. O conflito já dura mais de 30 anos e, segundo especialistas da ONU, também envolve a milícia M23 (Movimento 23 de março), que conta com o apoio de soldados ruandeses, apesar das negações do governo de Kigali sobre seu envolvimento.
Deslocamento da população civil
Após o ataque em Ntoyo, aproximadamente 2.500 moradores fugiram para a cidade mineradora vizinha de Manguredjipa, buscando segurança entre as tropas do Exército de Kinshasa e soldados ugandenses posicionados na área desde 2021. Masinda ressalta que os massacres têm se tornado uma rotina angustiante na região. Sua própria casa foi consumida pelas chamas, e atualmente ele abriga 23 pessoas deslocadas, incluindo parentes que foram afetados pela violência.
O voluntário católico descreveu os horrores do ataque: “Aquilo foram dias de luto, quando as pessoas se reúnem para dar suporte a quem perdeu um ente querido. Ao anoitecer, os ‘terroristas’ chegaram e começaram a matar, armados com rifles e martelos”. Essa violência persistente das ADF, segundo relatos, tem raízes na busca por recursos naturais como ouro e coltan, além de alegações de ocupação de terras por grupos armados que defendem os interesses da população ruandesa.
Não há segurança e a esperança esmorece
No último domingo, uma reunião foi realizada em Butembo com os deslocados, onde relatos chocantes vieram à tona. “É um milagre que ainda estejam vivos: muitos abandonaram suas casas em chamas”, afirmou Masinda, que ouviu depoimentos de sobreviventes que descreveram um grupo armado numeroso, com cerca de 70 indivíduos, que se disfarçavam de soldados e demonstravam conhecimento sobre a comunidade local.
As violações dos direitos humanos e a violência intermitente são constantes na vida dos habitantes de Kivu do Norte. O clima de insegurança torna difícil a realização de atividades cotidianas, desencadeando uma situação humanitária que, se não for abordada urgentemente, só tende a se agravar. Enquanto isso, as comunidades continuam a viver sob a sombra do medo e da incerteza, lutando para encontrar esperança em meio à devastação.
O impacto desse conflito se espalha além das fronteiras da República Democrática do Congo, atingindo a estabilidade regional e exigindo uma resposta internacional mais robusta. A comunidade global deve prestar atenção a essas realidades, buscando formas de apoiar os civis e trabalhar em direções que promovam a paz e a segurança duradouras.
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