A semana passada marcou uma polêmica no setor financeiro após o anúncio de que aproximadamente mil funcionários do Itaú Unibanco foram demitidos em decorrência de baixa produtividade durante o trabalho remoto. A decisão, que gerou repercussão negativa, reforçou discussões sobre a responsabilidade social das corporações e o respeito aos direitos dos trabalhadores.
Reação do Congresso e investigação do Ministério do Trabalho
A repercussão se estendeu ao Congresso Nacional, onde a deputada Erika Hilton (Psol-SP) protocolou um requerimento junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para apurar os procedimentos adotados pelo banco. A justiça trabalhista solicitou documentação para entender melhor o processo de desligamento e os critérios utilizados na avaliação dos colaboradores.
Segundo o MPT, “uma empresa tem o direito de demitir quando desejar, mas, neste caso, trata-se do maior banco privado da América Latina, que deve agir com responsabilidade social.” A iniciativa busca garantir que o banco tenha agido de forma ética e transparente na condução das demissões.
Posição do Itaú e críticas à exposição pública dos demitidos
Por meio de nota oficial, o banco afirmou que as demissões ocorreram após uma revisão criteriosa das condutas relacionadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada. “Em alguns casos, foram identificados padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis”, declarou o Itaú. “Estas decisões fazem parte de uma gestão responsável, visando preservar nossa cultura e a relação de confiança com clientes, colaboradores e a sociedade.”
No entanto, especialistas apontam que a divulgação pública dos desligamentos pode prejudicar os próprios funcionários, deteriorando sua reputação e dificultando a recolocação no mercado de trabalho. “Essa exposição expõe os profissionais a julgamentos públicos, afetando sua saúde mental e agravando o clima de insegurança dentro da própria instituição”, avalia Lucy Nunes, fundadora da startup Prepara-me, especializada em demissão responsável.
O impacto no ESG e a cultura corporativa
Alguns analistas sugerem que a estratégia do banco ao revelar os desligamentos pode ser uma tentativa de reforçar seus valores, como a ética e a responsabilidade social, pilares fundamentais do ESG (Ambiental, Social e Governança). No entanto, as denúncias de ações pouco sensíveis ao tratamento dos funcionários evidenciam fragilidades na implementação desses princípios.
Nas redes sociais, circulam críticas acerca da gestão do banco, que, embora queira demonstrar transparência, parece ainda estar distante de uma cultura que priorize o bem-estar e a humanização. “O desafio do ESG está justamente na prática diária, e não apenas na intenção ou na retórica”, avalia um especialista ouvido pela coluna.
Perspectivas e próximos passos
O caso do Itaú levanta questões importantes sobre a relação entre produtividade, responsabilidade social e ética empresarial. A expectativa é que a investigação do MPT traga esclarecimentos sobre os procedimentos adotados pelo banco e contribua para o debate mais amplo sobre demissões responsáveis em grandes corporações.
Enquanto isso, a discussão reforça a necessidade de que as instituições financeiras e demais setores adotem práticas que conciliem eficiência com respeito aos direitos trabalhistas e ao princípio do ESG, garantindo que a responsabilidade social seja uma prioridade na condução de suas ações.