Uma investigação conjunta entre o Mirror e o Bureau of Investigative Journalism revelou que a gigante das mídias sociais, Meta, lucrou com mais de 1.300 anúncios de sites que promovem bonecas sexuais com aparência infantil, apesar da proibição de importação desses produtos para o Reino Unido. Essa situação alarmante levanta questões sobre a segurança das crianças e o papel das plataformas digitais na regulação de conteúdos.
Propaganda de produtos controversos no Facebook
Bonecas sexuais que imitam crianças estão sendo anunciadas para venda no Facebook, apresentando características alarmantemente realistas. Muitos dos anúncios exibem fotos das bonecas em poses sexualizadas, algumas segurando balões ou bichos de pelúcia, o que preocupa órgãos de segurança pública, que alertam que esses produtos “representam um risco significativo para crianças”.
Embora a posse dessas bonecas não seja crime no Reino Unido, a legislação sugere que a importação ou venda pode ser ilegal. As investigações destacaram que várias páginas do Facebook gerenciadas por administradores em países como Polônia, Indonésia e Índia somente publicam anúncios de bonecas sexuais, acumulando um total de mais de 600 seguidores.
Respostas de Meta e reações da sociedade
A Meta, controladora do Facebook, afirmou que os anúncios que violam suas políticas não têm lugar em sua plataforma e que removeram o conteúdo trazido à sua atenção. No entanto, muitos anúncios ainda permanecem ativos, ilustrando uma falha em seu sistema de remoção. Um ex-policial comentou que “qualquer pessoa que compra uma dessas bonecas deveria ser considerada pessoa de interesse pela polícia”, destacando o caráter preocupante desses anúncios e o contexto em que são comercializados.
A investigação encontrou anúncios publicados que permaneceram na biblioteca de anúncios da Meta mesmo após a data de sua publicação, indicando que algumas páginas conseguiram evitar os processos de remoção. Curiosamente, em um caso, um usuário do Facebook reclamou que as articulações dos dedos da boneca não eram realistas o suficiente, mostrando a natureza perturbadora de tais itens em circulação.
Questões legais e de segurança infantil
Um portal na internet oferece uma “mini boneca sexual” com aparência de menina pequena por £266, afirmando que, embora as bonecas sexuais infantis sejam ilegais na maioria dos países, essas mini bonecas não são consideradas da mesma maneira. Essa tentativa de diferenciar os produtos levanta discussões éticas e legais, já que o ex-chefe do Comando de Proteção contra Exploração Infantil e Online do Reino Unido afirma que “se alguém está se esforçando para adquirir um objeto para fantasiar sobre sexo com uma criança, essa pessoa representa um risco”.
A National Crime Agency, referência no combate a crimes relacionados à exploração infantil, corroborou a visão de que não existem razões legítimas para a posse de bonecas sexuais infantis, alertando que aqueles que compram tais produtos representam um risco significativo à segurança infantil.
A influência das redes sociais na comercialização de itens controversos
Adultos em países como Austrália, Alemanha, Noruega e Dinamarca enfrentam penalidades severas por possuir tais bonecas. As regras da Meta proíbem a promoção de produtos para a “venda ou uso de produtos de excitação sexual adulta”, mas o sistema de revisão de anúncios da plataforma, predominantemente automatizado, pode não ser suficiente para interceptar todos os conteúdos inapropriados antes que se tornem públicos.
A situação ilustra um dilema crítico sobre a responsabilidade das plataformas digitais em proteger seus usuários e o impacto que eles têm sobre a sociedade, especialmente em questões tão sensíveis quanto a exploração infantil. É imperativo que haja um diálogo contínuo sobre possíveis regulamentações que possam evitar que anúncios dessa natureza encontrem espaço em plataformas amplamente utilizadas.
As investigações continuam, e as autoridades estão em alerta para garantir que a proteção das crianças seja uma prioridade. A situação destaca a necessidade de policiamento mais eficaz e uma regulamentação mais rigorosa das plataformas de mídia social em relação a conteúdos prejudiciais.
Com a divulgação dos anúncios e a resposta das autoridades e da Meta, espera-se que a sociedade se mobilize para discutir e potencialmente implementar mudanças que coloquem a segurança infantil em primeiro lugar.