Brasil, 18 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Crise no Lyon revela detalhes obscuros da SAF do Botafogo

A queda de braço entre John Textor e os sócios da Eagle Football Holdings expõe informações inéditas sobre a SAF do Botafogo.

Recentemente, a disputa jurídica entre John Textor e seus sócios da Eagle Football Holdings em decorrência da crise financeira do Lyon trouxe à tona uma série de documentos que revelam detalhes inéditos sobre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo. Na segunda parte da série “Ascensão, glória e incerteza”, O GLOBO apresenta como o clube carioca, em um momento de grande expectativa, comprometeu algumas de suas proteções em troca de aliados financeiros, permitindo que o investidor americano utilizasse a SAF do Botafogo como garantia para a aquisição do clube francês Lyon. Um movimento controverso, ofuscado pelas vitórias conquistadas em 2024, incluindo a tão sonhada Libertadores e o título brasileiro.

O início da relação entre Textor e o Botafogo

Em uma manhã de janeiro de 2022, em meio a festa no Aeroporto Santos Dumont, cerca de 100 torcedores esperavam ansiosos a chegada de John Textor, que vinha ao Rio para fechar a compra da SAF do Botafogo. O primeiro passo foi dado nos dias seguintes, com a assinatura de uma “oferta vinculante”. Menos de uma semana depois, em 15 de janeiro, a criação da SAF foi aprovada por uma assembleia de sócios.

Investimentos e compromissos financeiros

No dia 26 de janeiro, Textor fez o primeiro aporte de R$ 50 milhões, marcando o início da sua exclusividade sobre as finanças do clube. Este valor foi o primeiro de um total de R$ 400 milhões que ele se comprometeu a investir nos três anos seguintes. O Contrato de Investimento garantiu que, caso o investidor atrasasse alguma das parcelas, ele perderia o direito de voto dentro da SAF e o clube poderia aumentar sua participação acionária.

Ademais, as dívidas históricas do Botafogo, avaliadas em aproximadamente R$ 900 milhões, não foram transferidas para a SAF, mas Textor assumiu a “obrigação irrevogável” de quitá-las através de royalties mantidos pelo clube. Entretanto, o Acordo de Acionistas garantiu que a associação continuaria tendo poder de veto em assuntos cruciais como mudanças de nome, símbolos e cores do clube.

Aproximação com o Lyon e penhora das ações

A busca de Textor por um clube de destaque na Europa culminou na compra do Lyon, um gigante francês que enfrentava sérias dificuldades financeiras. Para levantar os fundos necessários, Textor recorreu a empréstimos e, crucialmente, penhorou as ações da SAF do Botafogo.

No entanto, essa estratégia de penhora exigiu um giro de eventos mal explicados. Para garantir a penhora, Textor precisou flexibilizar as cláusulas do Acordo de Acionistas, abrindo mão de proteções previamente asseguradas. A Assembleia Geral Extraordinária, realizada em 5 de janeiro de 2023, viu Durcésio Mello — presidente do clube social — renunciar a importantes salvaguardas, possibilitando a penhora sem grandes obstáculos.

Relação tumultuada entre Textor e o Lyon

A aquisição do Lyon por Textor não se concretizou sem controvérsias. O ex-presidente do clube francês, Jean-Michel Aulas, alegou que havia ocultado dados relevantes sobre a situação financeira do clube durante as negociações. Esse rompimento levou a uma série de processos judiciais e congelamento de ativos do Lyon, refletindo a instabilidade gerada pela má gestão repentina.

Impacto nas finanças e reestruturação do Lyon

Após aparentemente solucionar a crise, o Lyon passou por uma visível transformação. A contratação de novos reforços — como o defensor Niakhaté — e a busca por um retorno financeiro através da venda de ativos começaram a apresentar resultados. Porém, ainda assim o clube lutava para garantir sua permanência na primeira divisão francesa.

Envolvimento do Botafogo para salvar o Lyon

Com as dificuldades financeiras do Lyon se acentuando, o Botafogo se tornou uma fonte importante de recursos. O repasse de valores de sócio-torcedor, patrocínios e os frutos da conquista da Libertadores contribuíram para a situação do Lyon e revelaram um entrelaçamento financeiro que se torna mais complexo a cada dia.

No entanto, conforme as dificuldades aumentavam, ficou claro que as decisões tomadas por Textor, tanto no Botafogo quanto no Lyon, culminaram em um ciclo de dependência perigoso que poderá ter consequências significativas para o futuro de ambos os clubes.

A terceira parte da série “Ascensão, glória e incerteza” será divulgada em breve, abordando mais conflitos legais e suas implicações. Essa história continua a se desenrolar e suscita preocupações sobre a administração e os futuros que aguardam o Botafogo e seus torcedores.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes