O Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a taxa Selic em 15% ao ano, durante reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com apoio unânime da diretoria liderada por Gabriel Galípolo. A decisão veio após uma sequência de nove reuniões consecutivas de alta na taxa, que já atingiu o maior nível em 19 anos, desde julho de 2006.
Postura cautelosa e perspectiva de manutenção prolongada
Em comunicado sem grandes novidades, o BC reforçou a postura de cautela, afirmando que deve manter a Selic “por período bastante prolongado”. Segundo economistas, o Copom não demonstrou intenção de discutir cortes de juros neste momento, tornando menos provável uma redução ainda em 2025.
O BC destacou que continuará avaliando se a manutenção do nível atual da taxa será suficiente para garantir a convergência da inflação à meta de 3,0%, que possui uma faixa de tolerância de 1,5% a 4,5%. A previsão do banco é de que o IPCA fique em 3,4% no primeiro trimestre de 2027, alinhando-se ao objetivo de controle inflacionário.
Cenário externo e expectativas de inflação
O comunicado aponta que o cenário externo permanece incerto, principalmente devido às políticas econômicas dos Estados Unidos, com o Fed já tendo iniciado queda nos juros, reduzindo a taxa de 4,25% para 4%, sua primeira redução em 2025. Ainda assim, o BC adverte que a alta volatilidade nas condições financeiras globais exige cautela.
Recentemente, as expectativas de inflação têm mostrado sinais de melhora, especialmente em prazos mais longos, como 2027 e 2028, embora ainda distantes da meta. Apesar do recuo na projeção de inflação para 2025 de 5,09% para 4,83%, o BC mantém uma postura conservadora, sem alterações nas previsões.
Indicadores econômicos e o mercado de trabalho
Dados recentes indicam moderação no crescimento econômico, enquanto o mercado de trabalho permanece resiliente, com o desemprego atingindo o menor nível desde 2012. A inflação de serviços, por sua vez, ainda preocupa o banco central, que mantém uma postura de política monetária mais restritiva.
De acordo com especialistas, o aperto monetário vem dando sinais positivos, como a redução das expectativas de inflação, mas o cenário externo de incertezas, associado à alta resiliência da economia, justifica a manutenção de juros elevados.
Perspectivas futuras
Analistas como Daniela Lima, da Kinea Investimentos, avaliam que o BC está aguardando novos sinais de melhora na inflação e na atividade para iniciar cortes na taxa de juros. A expectativa é de que o primeiro corte aconteça em janeiro de 2026, com uma redução potencial para 14,75%, embora alguns mantenham a possibilidade de adiamento para março.
Já economistas como Rafaela Vitória, do Banco Inter, reforçam a postura de cautela do BC, destacando que o cenário atual impede uma redução iminente. O mercado também continua atento à conjuntura internacional, especialmente às decisões do Fed e à situação de tensões comerciais, como o conflito tarifário com os Estados Unidos.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende um debate amplo sobre a regra de dívida pública e as contas públicas, buscando criar um ambiente de maior estabilidade macroeconômica.
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